BL - Diário de Erika 27  

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Sessão 26

Espião 10, 12 4e

Diário,

O castelo onde vive a senhorita Nayni é espetacular. Parece um daqueles castelos de fantasia que minha vó me contava quando era pequena: um palácio feito de gelo que brilhava nos confins do mundo.

Tudo é moldado no gelo com uma maestria digna dos qesires, e embora sim, tudo seja gelado, ao mesmo tempo é belo e de alguma forma acolhedor.

Ele é oculto da vista dos mortais e dos indesejados por uma bolha de poder, e somente aqueles que são apresentados ao local sabem onde ele está.

Apesar disto, o castelo é vazio. Somente um punhado pequeno de fadas acompanham a senhorita Nayni e que exerciam as mais diversas funções, desde caçadores até artesãos, sendo igualmente hábeis em ambos.

Não consigo parar e pensar novamente como estas fadas são tão sobrenaturais, como pertencentes à um conto de fadas... muito diferente da Lindriel. Difícil imaginar que são da mesma raça.

A senhorita Nayni nos ofereceu sua hospitalidade e aceitamos ela, pois além de ser de bom tom, a tempestade e a viagem foi muito dura para nós, especialmente para nossas renas e para a Luna. Mesmo sendo um castelo de gelo, estes qesires fazem tudo o que podem para nos fazer sentir a vontade.

Lavínia aproveitou e saiu a caçar com um deles, para conhecer a terra, ela disse. Helgraf aproveita e treinar o seu Silari com um deles que parece ser um poeta ou algo assim. Salamandra aproveita o silencio para meditar e eu tento me fazer útil ajudando o mestre das feras do local em cuidar das nossas cansadas renas.

Além de nossas renas, dois ursos brancos, diversas corujas, raposas e cisnes também gozam do cuidado do qesir, cujas mãos são hábeis e as feras parecem compreende-lo como se falassem a mesma língua.

Acho engraçado como os qesires gostam de utilizar ou poucas roupas, ou roupas grandes e pesadas, nunca algo no meio. Este grupo é dos primeiros, e mesmo sendo roupas leves, ficam elegantes e não vulgares.

A senhorita Nayini é especialmente muito bonita, com seus cabelos longos e azuis, pele clara e corpo jovial. Ela é alta, um pouco mais baixa do que eu, e tem um olhar vivido. Ela parece demostrar ter muito interesse pelos mortais e ficou muito tempo conversando comigo e com a Medeia sobre como o mundo estava.

Gosto destas fadas. Deste tipo de criatura sobrenatural, um pouco distante, mas infinitamente mais interessante que os qesires que normalmente converso.



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Espião 16, 12 4e

Diário,

Conheci hoje a “mãe” da Nayni.

Devo dizer que poucas vezes vi uma criatura como ela é, algo maior que a vida. Urian, Barrin, Exoristos e Arkantos O Verdadeiramente Iluminado tem isto, Izack e Garred também o tinham, este que de poder de fazer a imaginação das pessoas voarem com teus feitos, tua falas, tua presença.

Assim era a mãe de Nayni, Seeberiel a Pura, nascida de uma pintura de um mortal, era uma expressão viva de uma obra prima, posso dizer.

Uma verdadeira rainha élfica, com sua corte composta de espíritos e lacaios dos mais vistosos, e dotada de tamanha imponência que todas as rainhas do mundo deveriam se espelhar nela. Ameaçadora e ao mesmo cálida, e infinitamente elegante.

Sua figura era belíssima, mas era sua presença que deixava as pessoas excitadas e apaixonadas. Pelo menos comigo. Novamente, é muito difícil acreditar que a Lindriel, que a “professora”, e a rainha Seberiel, fazem parte da mesma espécie.

Ela era acompanhada por uma feiticeira de gelo como nunca antes tinha visto, que parecia ser feita meio de carne, meio de cristal, e que acompanhava a rainha fada e lhe servia.

Nayni nos apresentou em silari, que segundo Helgraf, era uma variante pouco usada em terras do sul. Um a um ela foi nos citando, mas sem dizer nossos nomes, dizia uma impressão do que éramos:

A Luna chamada de Semente Confusa que ainda procura em que terras germinar.

De Salamandra foi dito que ele era alguém cego para os caminhos da vida que tinha decidido não enxergar mais.

Lavínia era a filha perdida que procurava por um guia.

Medeia era um coração partido que desesperadamente lutava para não ser esquecido.

Mirani era a filha de um pai amado, mas que também era o próprio pai (esta foi fácil!).

Helgraf foi descrito como alguém corajoso mas que sempre procurava aprovação externa.

De Lindriel, uma jardineira do deserto que colhe rosas prismáticas.

E eu, a filha triste da cidade da colina.

Apresentados à corte, a Rainha Seberiel falou conosco. Não com sua voz, mas em nossas mentes, sem palavras, mas que poderíamos entender. Ela disse que não falaria porque suas palavras poderiam destruir o local.

Ela pergunta o que fazíamos, e lhe disse que viajamos ao norte a procura de ajuda dos habitantes de Sylkranias. Ela perguntou o que queríamos, e lhe disse que nada, somente passo seguro por suas terras.

Ela afirmou que já tínhamos isto, mas perguntou o que mais, e eu lhe pendi a benção para nossa empreitada ser exitosa.
A Rainha pareceu agradar-se com o pedido, e depois de um pouco de ponderar pediu algo em troca: uma história. Ela pediu que cinco de nos contássemos uma história para ela e sua corte.

Não teríamos chance de preparar ou combinar nada, então decidi na hora tomar a dianteira. Precisava ser um tema fácil e um tema que muitos de nós conhecêssemos. Pensei na viagem que tivemos no tempo, mas isso é um segredo que poucos devem saber, e só eu e a Lavínia estávamos lá. Além do mais, misturar o sem escamas na história, sabendo que fora ele quem provocara, indiretamente, muita dor às fadas, não seria correto.

Escolhi Kerra. Era um tema instigante imaginei, para qesires de uma terra que não poderia ser mais oposta. E era um tópico que diversos de nos conhecemos. Escolhi Lavinia, Salamandra, Mirani e Helgraf para falar, por usas experiências, conhecimentos e criatividade. Depois pensei que poderia ter escolhido melhor...

Iniciei a história contando sobre kerra, descrevi os cheiros e o clima e o local, e os mistérios que habitam o local, e coloquei na história um elemento que conheci lá: os tecelões da luz, os raksha de kerra e os reis de marfim. Sei que Kerra é grande, mas os tecelões são figuras conhecidas no local, e sabia que Lavínia pegaria a isca.

Confesso que depois disto a história ficou meio confusa, então vou resumir como der: Lavínia pareceu confusa no começo, mas começou a contar a história de uma guia espiritual dos tecelões da luz, uma raksha, que saíra em uma peregrinação espiritual para achar os reis de marfim. Mirani continuou apontando como a raksha se separou do seu grupo e conheceu um espirito na floresta de kerra que se dizia ser um Rei de Marfim. Helgraf apontou como o espirito era mal e tentou enganar ela, mas ela conseguiu fugir (combina com o Helgraf, mas ele se esqueceu que nossos anfitriões eram... espíritos... também). Finalmente, Salamandra quebra a história e conta uma parte confusa de como ela passou seu conhecimento sobre não confiar nos espíritos à frente.

Enfim, a história foi confusa.

Mas eles gostaram. Acho.

Ela pergunta o que mais queremos, e ante o silencio de todos, digo que eu queria muitas coisas, mas estas coisas somente o tempo me trará, e ademais, não queria furtar o tempo dela com amenidades pequenas. Ela se sente agrada pela resposta e diz que demostra caráter, sendo ela um ser tão poderoso que muito poderia fazer.

Em todo caso, a Rainha Seberiel nos dá sua benção e parte com sua corte. Espero muito ter a chance de vê-la novamente!

Bela e fria como a nevasca, mas mais importante: Não familiar, estranha, alienígena.


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Espião 18, 12 4e

Diário,

Primeiro dia de viagem após sair do castelo de Nayni. O inverno é inclemente como sempre, mas a nossa viagem até aqui tem tido bom tempo. Espero que seja a benção da Rainha Seberiel, pois se é, ela perdurará durante nossa viagem!

É de noite, e sob as estrelas brilhantes, conseguimos ver a luz de Sylkranias brilhando ao fundo, como uma enorme fogueira oculta pelos picos altos e desnudos do norte gelado. O frio é avassalador, mas o espetáculo das auroras borais, que parecem sempre correr à Sylkranias, nos chama a ficar a fora e admirar os céus como poucas vezes o faziamos.

Antes de sair, tive uma pequena conversa com a Nayni. Lhe perguntou como deveríamos falar com os habitantes de Sylkranias, e ela me esclareceu que as fadas tem paciência com os mortais, pois jovens que somos, erramos muito. E que já que não lavávamos nenhum Urdur nem Dhakani junto a nos, ficaria mais fácil conversar com eles.

Porém, noto que mesmo ela fala com cuidado dos grandes exarcas de Sylkranias, e mais do seu lorde rei. Devemos ter cuidado.

Antes de sair, relembro que tinha prometido dar um nome ao castelo dela: Coroa de Cristal. Ela gostou.

A noite gelada entumece meus dedos, mesmo com a fogueira. Lavínia acredita que amanhã devemos abandonar as renas e o trenó, que não poderão subir a montanha escarpada que cresce sobre nos.

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Espião 20, 12 4e

Diário,

Se a corte da rainha Seberiel me mostrou o quão magnifico os qesires podem ser, a fortaleza de Urifros me demostrou o quão detestável eles conseguem ser.

Ontem de noite atávamos acampando quando recebemos a visita de uma patrulheira de Sylkranias, que se apresentou como o Fsela. Montada em um magnifico grifo, uma criatura que só tinha visto em brasões, ela foi, no mínimo, agressiva.

Nos mandou a dar meia volta e regressar as terras do sul, ou teríamos que enfrentar a fúria de Sylkranias. Lindriel se apresenta e fazendo jus a seu papel de diplomata, explica as nossas intenções. A cavaleira parece entender e permite nossa passagem, eu imagino que só pelo fato de ser uma quesir pedindo.

Hoje à tarde chegamos à fortaleza de Urifos, um bastião de pedra acinzentada cravado na pedra, de forma tão dura e tão fria que mesmo os belos arabescos qesir pareciam rasuras na porosa pedra.

Ao chegarmos, fomos recebidos por nada mais do que Ulrik Alvenson, o embaixador de Brrzengard em Sylkranias. Fazia muito, muito tempo que não via Ulrik. Da última vez que o vi foi quando a Imperatriz me presenteou com minha armadura e me deu o nome de filha do norte, restaurando o nome dos Midnattsol de volta a seu lugar, segundo ela.

Ulrik era amigo da minha vó, então o conheço faz muito tempo, desde que era pequena. Lembro dele ainda jovem, com cabelos loiros parecendo uma juba de leão de tão selvagens, e braços enormes que pareciam troncos jovens.

Ele não mudara nada, sempre expansivo e falador como um herói do norte, do tipo que as pessoas amam em Brrzengard. Como era o Jarl Ragnaros.

Acho que por isso eles não gostam muito de mim, sempre fui mais gentil, menos expansiva.

Ulrik nos apresenta à capitã Iani Vilveran, ou algo assim, que é a capitã dos batedores nesse local. Ela vá direito ao ponto e nos pergunta o porque estávamos lá, e ela foi respondida com clareza: achar a porta do dragão.

Ai que o problema nasceu. A maldita fada queria que contasse toda a história de porque estávamos lá, como se isso lhe interessasse. Aliás, pareceu lhe interessar bem pouco, mas gostou muito de me deixar em situação constrangedora frente a meus companheiros conforme ela forçava a que eu contasse o plano de Urian. Inteiro.

Eu não concordo com o plano do Urian, mas não tenho outro plano, não consegui pensar me nada que seja viável, mesmo com as gemas. Eu não sei como elas funcionam, como elas agem, o que devo dar para elas fazerem o que quero que elas façam!

Eu sei que há uma forma de desfazer o que Ekaria fez com nos, esta castração, mas ainda não consegui imaginar alguma forma, então por enquanto, é o plano do Urian.

Mas o plano do Urian foi me confiado por ele depois de mostrar minha lealdade, é algo grave, terrível e que não pode ser solto àqueles que não se conhece ou confia, como Lavínia, Luna e Lindriel.

Mas eu sabia que se esta maldita fada não gostasse do que eu falasse, iria nos negar a passagem e teríamos que arriscar uma exploração em picos isolados e enevoados, repletos de corrompidos, algo muito letal.

Para piorar as coisas, a Lavinia vem e começa a argumentar com a merda da elfa e de forma arrogante cita o Sem Escamas e como os qesires dependíamos de nos porque eles foram criados de nos.

A fada até achou graça a coragem dela, mas claramente ficou ofendida, assim como sua corte.

Contei tudo o que sabia, mesmo arriscando a ira de meus companheiros. Apesar de que só encontrei apatia, o que pareceu chatear à fada que esperava outra reação, talvez algo mais explosivo.

Ela diz que levará a informação ao rei e trará a resposta sobre nossa passagem.

Ainda, pergunta a Lindriel, que conhecia ela (só podia!) se acreditava em mim. E a maldita da elfa disse que não, afirmando que achava que eu e o Urian estávamos simplesmente querendo ferrar tudo mundo para nos beneficiar.

Eu aprendi a ser desde pequena uma pessoa bem tolerante, mas a Lindriel... Às vezes me dá vontade de simplesmente atravessar minha espada pela garganta dela e fazer ela cantar!

Ainda, a Iani me perguntou quem carregaria a pedra vermelha. Eu sugeri a Lindriel, mas descobri que qesires não podem fazê-lo, ou não querem fazê-lo por algum motivo. Por isso a Lindriel tinha teimado tanto em trazer a Luna: Ela era quem devia carregar a pedra.

A própria Luna pareceu consternada, claramente se sentindo usada.

A Lindriel sabe muito mais das gemas do que aparenta....

Que seja.

Agora pouco o Helgraf e a Medeia quiseram falar comigo, pedir explicações. Eu dei, como consegui, mas Medeia me mal interpretou e acha que estou querendo trair o patriarca ou coisa assim!

Helgraf, por sorte, se demostrou ser um homem sensato, e percebeu rápido a situação em que estava: sem saída, sem norte, somente com uma boa intenção que não sei como colar em pratica.

Lavínia escutava nas sombras e se apresentou. Logo de cara veio com o mesma conversa de sempre, e quando ela começou a sugerir que eu não cumpria minha palavra, não aguentei mais: Disse a ela que estava farta da atitude dela, que não precisava de um capanga que me seguisse, disso eu tinha aos montes na ordem do dragão ou em qualquer vilarejo minimamente culto. Eu precisava de alguém que me ajudasse a carregar o fardo e tomar as decisões. Eu sei que ela não gosta da ordem do dragão, e não me importa. As gemas estão com Urian, e será através dele que isso será resolvido, goste ela ou não. Se ela quer me ajudar nisto, que o faça e me dê uma opinião de verdade, um pensamento, uma opção, nem que seja ruim. Caso não, que fique quieta e seja uma boa capanga. 

Estou sem sono e irritada demais para escrever...

Existem dois tipos de fadas para Erika: As legais, que somente ajudam ela sem pedir nada. E as como a Lindriel.



This entry was posted on sábado, abril 09, 2016 at 18:41 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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