Anjo Salvador - 04  

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 Sessão 04

 

Montes Gelados - Nigallin - Rei 17 de 588E

 

O terreno torna-se elevado mais para o norte, conforme os cadetes avançam rumo as montanhas gélidas. Esse território dos Montes Gelados fica mais ao norte de Nigallin, uma região habitada apenas por Selvagens e o ocasional caçador. Drakenmont foi a muito tempo atrás um castelo fortemente defensável nas montanhas, mas dizem as lendas que destruído por chama Dracônica e amaldiçoado desde então, nunca tendo sido reconstruído ou tomado por povos posteriores. Drakenmont possui uma larga estrada pelas montanhas, por onde a Ordem certamente marchará, mas também algumas trilhas e rotas menores que serviam como linhas de suprimento, trilhas de animais e outros, que apesar de mais longos serviriam bem ao propósito dos cadetes de encontrar Meline e sair antes da força principal da Ordem chegar.

 

O silêncio da viagem é interrompido pelo aviso de Elizabeth. Um cavalariço mais à frente na rota, de certo postado como vigia, os notou se aproximando e segue a trilha à galope. O inimigo já sabe que estão chegando.

 

***

 

Seguir pela trilha sem estrada sem conhecimento do inimigo não parecia a melhor das ideias para os cadetes, que decidiram por coletar informações através de seus Magos de Guerra. Mildred trazia em suas mãos um pequeno pássaro, que trás para Fernando. O mago de guerra por sua vez toca a criatura, enquanto força sua consciência elevada sobre o pequeno animal. Os olhos de ambos reviram, enquanto a luz abaixa no ambiente.

 

***

 

Fernando se vê batendo suas asas rapidamente, aproveitando do forte vento gelado para planar longas distâncias. Abaixo dele a copas das árvores passa rapidamente, e muito à frente os esqueletos de pedra de um gigante erguem-se.

 

O pequeno pássaro-Fernando aproxima-se das ruinas de mais uma torre de vigia, da qual escapa um fino rastro de fumaça acinzentada. Enquanto circula a torre, o diminuto feiticeiro vê um grupo de homens partirem estrada acima, montados em cavalos, enquanto três homens em armadura ficam para trás, sacando suas armas e posicionando-se abertamente no meio da estrada, afim de receber os invasores que aproximam-se.

 

O pássaro pousa na construção, observando com cuidado os homens.

 

E então uma forte dor cruza o peito de Fernando, que quilômetros para trás grita de dor conforme uma flecha perfura o passarinho, cortando sua conexão.

 

***

 

“Três homens à vista...”, diz Fernando, sendo colocado sentado e recebendo um cantil de sua irmã preocupada. “E um arqueiro oculto”, completa.

 

Marjorie sobe em seu cavalo, o girando duas vezes, esperando ordens.

 

“Algus?”, indaga Lian, enquanto observa um quase ferino Ian que aguarda ansiosamente. “Meline?”

 

“Não tive tempo para confirmar, lorde Calhart”, meneia a cabeça Fernando. “Mas os homens colocavam-se abertamente à estrada.”

 

“Eles não pretendem nos emboscar, Calhart. É a chance para um confronto digno”, opina Hector.

 

“Nossa prioridade é Meline, e não devemos fazer nada que a coloque em risco”, responde Lian. “Fernando, consegue prosseguir?”, ele questiona, referindo-se ao olho direito de Fernando, que sangra devido ao choque de retorno.

 

“É apenas um olho, Calhart. Felizmente o Criador agraciou-nos com dois”, responde Mildred enquanto Fernando puxava ar para responder, e enquanto termina de enfaixar um curativo e tapa-olho improvisado no irmão.

 

“Lord Calhart, com todo o respeito milorde, eu não acho que seja prudente seguirmos pela estrada”, diz Elizabeth, retornando com o cavalo. “O bosque é espaçado o suficiente para que possamos viajar por ele, pegar nossos algozes de surpresa. Noções fugazes de honra podem ser detrimentais à nosso objetivo”, ela completa sem rodeios, ignorando a sobrancelha erguida de Hector.

 

“És sábia, Elizabeth. Mas daremos honra à medida que honra nos é dada. Um dos homens está oculto, então tu seguirá pelo bosque, encontrará e neutralizará aquele que busca nos emboscar”, ele diz para um aceno de cabeça e rápido afastamento da arqueira. “Os demais, cavalgai!”

 

“Nossos algozes sabem que aproximamo-nos, não os deixemos aguardando!”, brada Hector.

 

***

 

A estrada os leva para a frente de um pedaço de forte semidestruído. Esse não foi a primeira torre de vigia que cruzaram, e o caminho deixa claro que não será a última, mas é a primeira onde encontram uma força armada os esperando. Frente à construção elevada dois cavaleiros flanqueiam um terceiro, que veste uma capa de viagem verde. Por baixo de sua capa a lâmina negra de uma espada encantada é visível: Algus Bertson, comandante da Brigada.

 

Fica claro que Algus ficou para trás a fim de ganhar tempo. Reconhecendo não apenas Lian, bem como seus colegas, ele abre.

 

“Eu conheço vossos rostos. Mas não imaginava que um dia matariam minha irmã. Gillian merecia uma morte melhor; nem sequer mandaram cavaleiros de verdade para enfrentá-la! Eu irei vingar sua morte, ou morrerei tentando!”, ele desafia.

 

“Não tencionamos lutar!”, grita Lian, olhando feio para Ian que já sacava a espada. “Viemos apenas em busca da refém!”

 

“Tu soltarás minha irmã!”, grita Ian.

 

“Tua irmã? Então tu és rebento de algum galho da árvore Calhart...”

 

“Eu sou tão plebeu quanto minha irmã, comandante!”, responde Ian.

 

“Hmph, então Johelm errou em sua captura”, ele murmura para os soldados próximos. “Mas é certo que a garota possui conexão e importância a casa Calhart?”

 

“Ela não vale de nada para vós, Algus, não há razão de mantê-la cativa. Liberte-a já”, ressoa a poderosa voz de Hector.

 

“Teu grupo odeia a nobreza, mas vós predais de uma garota inocente, sem nenhuma ligação com a aristocracia Algus. Já não fazem mais distinção entre inimigos e inocentes?”, provoca Mildred.

 

“E por que eu deveria ver diferenças entre vós? Aqueles que brandem armas pela nobreza matariam-nos de bom grado; todos escolhemos por que lado lutar” responde o comandante, que incita um começo de resposta de Lian, mas que logo o corta. “Não importa! Não há discussão sobre a liberdade dela”, ele diz, sereno, e deixa as palavras ecoarem por alguns segundos, um verdadeiro mestre de oratória. “Nós não temos o costume de fazer reféns, quanto mais garotas indefesas. Mas primeiro nós temos uma contenda para acertar, Lian”. Ele aponta sua espada encantada Sturmschwalben para Lian. “Tu irás libertá-la e levá-la em segurança embora; se sobreviver para fazê-lo!”

 

***

 

Em meio ao bosque, Elizabeth corre de árvore em árvore, observando apenas de relance para a parola que ocorre na estrada, mas procurando sinais do membro oculto da comitiva do Algus. Ela ouve um som então, pouco mais que uma pedra cair, e seu coração congela. Imaginando que alguém a tinha na mira, a jovem mal respira. Nervosamente ela vira os olhos na direção, enquanto faz seu melhor para manter as mãos em uma posição que não indica agressividade. Seus olhos não enxergam nenhum algo a distância de queima-roupa, e ela então rapidamente esconde-se atrás de uma grande raiz, voltando a respirar.

 

A mulher entendia que havia alguém, ou alguma coisa, ali, e que possivelmente não havia a notado. Seus olhos investigam as árvores, conforme ela lentamente move-se por entre cobertura, até que ela enxerga algo. Alguém.

 

A uns cinco metros de altura, sentado em um galho mais robusto, um homem em armadura acolchoada simples está sentado sem mover um músculo, uma besta pesada armada e apoiada sobre o galho, voltada para a conversa que ocorre na estrada. O homem tem uma clara linha de visão, bem como cobertura da folhagem e dos galhos. Daquela posição, Elizabeth sabia que ele seria capaz de dar boa cobertura para seus parceiros...

 

***

 

“Acredite em nossas palavras, comandante Algus”, diz Lian, de braços abertos. O homem desde de seu cavalo, para a surpresa de Mildred próxima, e solta da sela do cavalo um embrulho.

 

O comandante, bem como seus homens, ficam à postos, conforme Lian aproxima-se, claramente em sinal de paz, com o embrulho em mãos.

 

“Sua irmã era uma mulher valorosa, comandante. É uma pena que o destino nos cruzara como inimigos...”, começa o rebento Calhart.

 

“Uma pena? Não há nenhuma pena nessa história, jovem Calhart. Há apenas os desígnios daqueles acima, tencionando esmagar aqueles abaixo”, respondendo o comandante.

 

“Não obstante, não tinha nenhuma contenda pessoal contra ela. E o tesouro que ela portava deveria retornar às mãos de quem lhe era precioso. O senhor”, ele o diz abrindo o embrulho e revelando Sturmvogel. “Mas de forma similar, essa contenda entre nós não precisa terminar pela espada. Parolemos, e não persistamos no caminho da sanguinolência.”

 

“Tu tiraste minha irmã de mim e desejas que liberte a irmã dele sem luta?”, responde o comandante.

 

O sempre perceptivo Hector nota que enquanto suas palavras são duras, a postura corporal do comandante se alivia conforme ele toma a espada das mãos de Lian. Ele nota em seus olhos que o homem está decepcionado, talvez até desgostoso, e que o gesto de Lian lhe tirou o pouco desejo que ele tinha por uma luta imediata.

 

“Eu desejava que nossa contenda com Gillian tivesse terminado de outra forma, mas não temos o poder para mudar o passado, comandante”, diz Hector, descendo também de seu cavalo, e aproximando-se para apoiar Lian.

 

“Apenas desejamos Meline, Algus. Essa luta não precisa persistir”, pede Ian.

 

“Vós não enxergais, de fato, a razão pela qual erguemos armas. Que vantagem eu teria na mesa de acordos? E quem garantiria um assento para mim nela? Tu, Lian Calhart?”, menospreza o comandante. “Mesmo que estivesse em seu poder fazê-lo, teus irmãos jamais honrariam qualquer acordo que nós dois fizéssemos agora!”

 

“Algum lado precisa ceder para que essa matança acabe Algus, e juro que a Ordem estará disposta a negociar. Proteja a vida de teus homens, pois a Ordem marcha sobre tuas defesas”, pede Fernando, que até então estava quieto.

 

“Nenhum Bardo seria capaz de contar histórias mais doces! Dizeis que os Calhart não querem essa luta? Uma pena para mim, então, pois o mundo rosáceo que enxergam está além da capacidade de minha visão cansada enxergar! Crianças tolas! As mãos que guiam as rédeas da história são as mais sujas de sangue.”

 

“Não ofenda a memória de minha família comandante”, rosna baixo Lian, confuso.

 

***

 

No bosque, Elizabeth nota que a contenda parece acalmer-se à uma parola, e decide mostrar piedade para o besteiro. Ela se esgueira pelas árvores sem fazer um único som, e então coloca o homem em sua mira.

 

Um assovio curto é tudo que é necessário. Similar a ela, o homem congela, e seus olhos lentamente voltam-se para onde veio o som.

 

“Por que vossa senhoria não desce dessa árvore, e deixa a parola prosseguir sem ameaças?”, indaga a jovem, realmente dando uma ordem.

 

“...eu.... eu vou desarmar a besta... milady”, o homem diz, relevando-se um rapaz pouco mais velho que a própria.

 

Sem deixar-se abalar pela juventude de se oponente, ela completa.

 

“Tal seria de profunda educação. E esperteza.”

 

***

 

“Por que não, Lian Calhart?”, indaga o comandante Algus, abrindo os braços. “Quem tu achas que convenceu meu tenente Garnold a capturar o marquês? Ninguém mais, ninguém menos do que teu amado irmão Lorde Vincent. Provavelmente com o apoio de seu nobre Cavaleiro Galante Elbrich!”, responde Algus, como quem dá uma lição de moral.

 

 “Os Grandes disputam por poder no vácuo deixado pela doença do rei, garotos tolos! Eu falo de Volstan e Drewsaw, é claro. Cada um tenta descobrir quem pode ser considerado aliado e quem não, mas tais coisas são difíceis de descobrir; mais fácil se livrar daqueles cuja lealdade é incerta e colocar outros governantes no lugar do que arriscar um oponente perto de suas fronteiras, como Honorest jurada à Drewsaw!”.

 

“Conjecturas, comandante, estão abaixo de ti”, tenta responder Lian, sem certeza.

 

“Conjecturas? Pense Lian Calhart. Por que achas que matei meu tenente? Eu questionei Garnold sobre que tipo de loucura o havia tomado. Cansado de nossa rebelião, o tolo foi tomado pela língua de prata do Estrategista; um sequestro com resgate pago em ouro, que terminaria com a morte do marquês de um jeito ou de outro. De certo que teu irmão não esperava tua, ou minha, intervenção. Ele não esperaria tua desobediência, ou minha honra. Típico de teus irmãos, subestimarem tanto seus oponentes quanto aqueles abaixo de ti.”

 

Os cadetes não tem uma resposta formada. Nenhum ousa tirar a palavra de Lian, que apenas desvia o olhar e meneia a cabeça.

 

“A garota está lá dentro. Leve-a daqui. Não honrarei em nada minha irmã esmagando um filhote como você. Um dia, quando fores um oponente digno, eu tirarei tua vida em nome de Gillian. Até lá, julgue as ações de tua casa por si mesmo.”

 

O comandante e seus homens se retiram para seus cavalos, preparando-se para partir. “Adeus, jovem Calhart.”

 

***

 

Elizabeth liberta o besteiro, que estava sentado próximo a ela como seu prisioneiro.

 

“Melhor seguir. Teus companheiros o chamam, jovem”, ela diz, instigando o jovem a levantar-se. “Mas antes de partir...”

 

“Sim milady?”

 

“Qual é seu nome?”

 

“Dennis, Filho de Dion, milady”, ele diz, gaguejando. “Obrigado por vossa piedade, milady. Que o criador sempre guie seus passos, e lhe traga felicidade em tua vida.”

 

***

 

“Meline! Meline? Meus deus, ela não está aqui! Para onde a levaram???”, grita Ian, desesperado, quando dentro do forte desmoronado notam que Meline não está lá.

 

“Algus mentiu para nós! Meline não está aqui Calhart!”, grita Mildred.

 

“Algus não faria isso...”, murmura um transtornado Lian.

 

“Isso é  culpa sua Lian! Se tivessemos os tomado de assalto, Meline ainda estaria aqui”, revida Ian.

 

Os outros ficam confusos, alguns tendo acreditado na honra e nas palavras de Algus, outros incrédulos que ele seria capaz de tal blefe. Os cadetes não conseguem entender que tipo de artifício Algus estaria usando, visto que ele e seus três companheiros partiram estrada abaixo, na direção que vieram, e não rumo à Drakenmont.

 

Marjorie e Fernando, porém, focam-se em um lenço amarelo, que parecia pertencer à jovem Meline, e ajoelhados em volta do lenço dão as mãos, vislumbrando o passado recente do objeto.

 

***

 

“Diga-me, Johelm, por que capturaste essa garota?”, pergunta o comandante Algus na imagem nublada que os cadetes enxergam, apontando para a jovem Meline quieta e amarrada no meio do local. A sua volta diversos soldados da brigada, uns sadios mas tantos outros feridos.

 

“Tivemos de tomá-la de refém, Algus, não havia escapatória de outra forma”, responde Johelm, um homem de cabelos e barba pretos e espessos.

 

“Então por que não a soltaste tão logo despistou teus perseguidores?”, questiona o comandante, dando um passo a frente. “Não me diga que essa loucura tomaste também tua mente, velho amigo.”

 

“Eu não sou nenhum Garnold, se é isso que lhe preocupa!”, ele responde, ofendido. “Mas pense, Algus, nós perdemos a maior parte de nossas forças, e a Ordem se prepara para trespassar-nos em um golpe final. Mas essa garota”, ele aponta para Meline, “é de sangue Calhart. Cem espadas, não, mil espadas meu amigo, mil espadas não comprariam nossa liberdade de forma tão simples quanto a segurança dessa jovem.”

 

“Liberdade? Então nós fugimos...”, repreende Algus. “E tu conheces algum esconderijo feliz para onde possamos fugir? Se fugirmos, eles vencerão novamente. Como sempre venceram”. O comandante então se vira para seus homens, sua voz potente e inspiradora. “Nós temos que criar para nossos filhos um futuro mais justo do que o passado que eu, ti, e todos nós aqui vivemos! Eles não podem sofrer como sofremos. A pedra que jogamos nesse lago pode criar apenas a menor das ondas, mas observem como uma onda cresce ao se aproximar da costa!”

 

“Tu nos lideraria para nossa morte então???”, esbraveja, incrédulo, o tenente.

 

“Se com nossas mortes ao menos uma gota de sangue nobre banhar essa terra, então a aristocracia terá sangrado e aprenderá a sentir medo. E nossas mortes não terão sido em vão”, responde solene Algus.

 

“Besteira! O único sangue que essa terra beberá será o nosso próprio, Algus!”

 

“O resto de nossas forças já deve estar em Drakenmont, protegidos, Johelm. Unimos-nos a eles, e de lá teremos forças para nossa batalha final. Iremos fazer com que temam nosso nome, em nossa queda!”

 

“A companhia que matou tua irmã se aproxima pela estrada secundária, comandante!”, diz o vigia que anteriormente Elizabeth havia visto na estrada. Os homens ali perturbam-se, e os feridos ficam assustados. Algus olha para a cena toda e foca-se em um dos homens feridos por alguns instantes. Os olhos dos homens, alguns tensos, mas a maioria assustados, recai sobre o comandante. Por longos instantes ele pondera.

 

Então ele ergue o rosto e ordena.

 

“Vós abandonareis esse local imediatamente. Dirijam-vos para Drakenmont. Tomem os feridos e todos os suprimentos que puderem encontrar. Eu ficarei aqui e comprarei tempo para que retirem-se em segurança”, ele ordena para homens que começam a se mexer e levar os feridos.

 

“As forças da Ordem se aproximam!”, grita um dos soldados.

 

“Maldição! Eles não perdem tempo, de fato...”, xinga Johelm.

 

“Então sejemos tão rápidos quanto. Tu liderarás esses homens à segurança do castelo, meu amigo”. Diz Algus segurando o antebraço do amigo em um cumprimento de guerreiro. “A garota será deixada aqui, Johelm. É uma ordem”.

 

“Eu lhe ajudarei, senhor”, diz um soldado preparando uma maça.

 

“E eu luto com o senhor desde minha primeira batalha. Não o deixarei em minha última”, responde outro homem.

 

E com isso o comandante e seus homens saem para fora da fortaleza, prontos para darem suas vidas a fim de comprar tempo para seus irmãos em armas.

 

O homem chamado de Johelm meneia a cabeça vendo os homens selarem os cavalos, e logo toma Meline pelo braço.

 

“Senhor?”, indaga um dos jovens que selava os cavalos, justamente aquele que Elizabeth poupara.

 

“Levaremos a garota”, diz baixo Johelm.

 

“Mas o comandante...”

 

“Às favas o comandante, garoto! Tu desejas morrer hoje?”, ele então se vira para os outros. “Vós desejais morrer hoje? Por acaso vós desejais verem-se contra uma parede, sem nenhuma moeda de troca?”

 

Os homens ali estão cansados, com medo ou feridos, e não tem a força para discordar.

 

A visão então vê Meline ser arrastada, aos prantos, para fora do ambiente, seu lenço sendo derrubado.

 

Conforme seus companheiros saem, o jovem meneia a cabeça e fica para trás. Ele olha para uma besta deixada no canto e resigna-se.

 

“...isso não é certo...”, ele murmura, ficando para trás afim de dar suporte à Algus. “...é apenas uma menina...”

 

***

 

Os cadetes então entendem o ocorrido, Johelm desobecera os comandos de Algus e levara Meline para Drakenmont. Mesmo com os sons e imagens de batalha vindo do outro lado da montanha, em direção ao castelo, os cadetes decidem que não abandonarão Ian, e rumarão para lá, custe o que custar.

 

Meline

This entry was posted on terça-feira, setembro 15, 2020 at 17:37 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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