Sessão
28
Espião
22, 14 4e
Diário,
Qual
esperança ainda poderia resistir ao que vi?
Às
visões de mundos sendo devorados por Ekaria, e mundos inteiros transformados em
carcaças mortas.
Não
sei dizer o que se passou na cabeça dos meus companheiros, ou mesmo se eles
ligam ou se eles entenderam o que acabamos de ver. Só sei que para mim... Não
sei... Qual esperança resta para nos contra Ekaria?
Ao
passar pelo portal fomos transportados a um lugar estranho, que eu primeiro
pensava ser um local perdido no véu. O céu brilhava com um sol branco e
explosivo, e esta praia rochosa que saímos era banhada por esta luz alva e
fria, mas tudo estava congelado...
O
vento não soprava, e o sol não esquentava, as nossas pegadas não eram marcadas
no solo. Era como se o este lugar estivesse preso num preciso momento.
Salamandra
não conseguia sentir nada, e nem nos. A não ser lajotas que marcavam um caminho
a ser seguido.
Este
lugar paralisado não tinha animais nem plantas, e quando subimos as rochas da
praia pudemos vir uma cidade ao longe e um caminho que levava para aquela
direção. A cidade, munida de um sem fim de torres, estava distante, mas dava
para caminhar.
Decidimos
seguir o caminho marcado pelas lajotas, o que nos levou a um estranho obelisco:
um menir feérico, que destoava de todo o local, em especial porque era o único
objeto, além das lajotas, que o Salamandra conseguia sentir.
Este
menir tinha marcas que desenhavam um mapa estelar e Lavínia conseguiu detectar
que eram as estrelas daquele lugar, porém não as estrelas do nosso mundo. Não
conseguimos entender as inscrições élficas pois mais uma vez Helgraf não tinha
cruzado o portal, e Luna, a única que entendia silari, não conseguiu
interpretar aquele dialeto.
Sem
conseguir entender mais do local, além de se tratar de um mapa estelar,
decidimos continuar pelo caminho que as lajotas feéricas nos mostravam. A
estrada prosseguia até descer novamente para a praia e entrar em uma gruta,
onde havia uma construção feérica que era sentida por salamandra.
Este
local estava repleto de mosaicos das fadas, que mostravam figuras divinas, como
os deuses deles. E estatuas naquele estilo genérico deles, sem detalhar as
feições da pessoa retratada, mas que se podia entender perfeitamente o que era.
E nesta construção havia outro portal como o que nos trouxe até lá.
Raciocinamos
que talvez este portal nos levasse a um lugar que não tinha volta, e se era
para encontrar a gema vermelha, deveríamos procurar melhor. Voltamos à
superfície e decidimos caminhar até a cidade que tínhamos visto.
A
caminhada, apesar de lenta como sempre, sentiu-se como se fosse inexistente:
Não nos cansávamos nesse lugar, e sem o vento e a monotonia do local, apesar da
extranhesa dele, fez o tempo passar rápido.
Na
cidade, descobrimos que estava deserta. Nem uma alma, nem uma pessoa ou
criatura presa nesse espasmo tempo esbranquiçado. O que achamos foi uma cidade
em ruinas, com seus tetos, suas mobílias e qualquer coisa não feita de pedra a
muito tempo desaparecidas. Era como se a cidade tivesse sido abandonada faz
séculos.
Nos
perguntamos quem abandonaria uma ruina desse tamanho...
A
cidade tinha sinais de violência, como se tivesse sofrido um cerco ou uma
guerra. Decidimos avançar até os prédios mais altos e centrais da cidade:
quatro enormes torres que erguiam-se mais alto que qualquer uma que tenha visto
antes, deixando mesmo as míticas torres de Elhedond diminuídas. Talvez só
Cassiera fosse tão alto, mas o local é tão caótico que é difícil perceber onde
começa um prédio e onde outro termina.
No
caminho confirmamos que o local parecia ser uma ilusão ou algo assim: A agua
parecia congelada, dura, e as coisas não pareciam poder ser movidas.
As
torres do local, embora muito altas, estavam desgastadas e abandonadas e muito
do seu interior estava ruído e tivemos dificuldade em chegar até a parte mais
alta.
Lá
vimos uma grande cidade, certamente uma capital, devastada e abandonada faz
muito tempo. Mas nada que nos indicasse nada da gema... ela certamente não
estaria lá.
Ao
voltarmos, Lavinia notou as estatuas que preenchiam o que parecia ser um tempo:
Estatuas de criaturas extranhas, não humanas, mas familiares de alguma forma,
como se fosse uma raça que poderia ter habitado esse lugar. Seus rostos
languinios e reptilianos não passavam uma maldade como os serpetideos passam.
Mais
peturbados, voltamos ao obelisco e logo fomos ao portal feérico, mais certos
que era para continuar esta viagem.
Luna
teve certa dificuldade em ativar o portal, mas o fez meio que
inconscientemente. Ela era a única feiticeira entre nós e talvez por ser
encarregada de levar a gema vermelha, a antiga magia feérica do local teria
aberto os caminhos para ela. Para nos.
Passamos
pelo portal e tivemos a mesma sensação branda do começo. Não violento e visceral
como outros portais por qual passei. Estes eram diferentes, como se projetados
para nós, mortais.
O
local que chegamos era um ceu noturno com um castelo no fundo, ao alto de um
desfiladeiro. Mais abaixo, uma vila que lhe servia. Mas o que mais chamou a
atenção e talvez gerou lampejos de medo em nossos corações eram os meteoros
caindo dos céus.
Bolas
de fogo, diversas delas, chovendo perto e à distância, chocando-se contra o
chão em poderosas explosões.
Mas
novamente, tudo estava paralisado, congelado num momento infinito de tempo.
Salamandra
somente conseguia sentir as lajotas élficas que nos mostravam um caminho até um
obelisco à frente, outro dos menires élficos inscritos com mapas estelares
estrangeiros, que correspondiam às estrelas do céu, mas não às nossas estrelas.
As
lajotas élficas nos levavam até a vila à frente, onde claramente podíamos ver
sinais de incêndio e fumaça.
Ao
chegar perto, chocamo-nos com o que vimos: Os habitantes deste lugar, para
começar, não pertenciam a nenhuma raça que já tenha visto... Pequenos como
Akiaks, eles possuíam pele vermelha e olhos grandes, quase insectoides, e
quatro dedos nas mãos. Apesar da aparência estranha, não pareciam ser uma raça
aberrante ou algo similar: somente um povo diferente.
O
que nos chocou não foram os habitantes da vila, mas sim as criaturas com que
lutavam: Monstros serpentideos feitos de carne, garras, dentes e olhos esbugalhados,
monstros enormes, mais altos que nos, pareciam invadir o local, matando e
atacando tudo a seu caminho.
Eram
centenas deles, e os pequenos habitantes do local lutavam uma luta perdida,
munidos de estranhos tridentes, armaduras de couro e acompanhados do que
pareciam ser cães de seis patas... mais ou menos.
Mesmo
que as lajotas feéricas nos levassem para o interior da vila, decidimos ir até
uma cratera que explodira próxima, onde um dos meteoros caíra. Lá confirmamos
nossas suspeitas: as bestas aberrantes saíram da cratera, onde uma forma mais
aberrante ainda existia, oculta pelas chamas, pó, fumaça e terra transformada
em vidro.
Voltamos
a vila e seguimos os caminhos feéricos até o que parecia ser uma igreja:
análogos a templários lutavam contra estes monstros, e mesmo sendo uma luta
perdida, não pareciam fraquejar. A igreja era o refúgio para crianças e velhos,
que encolhiam-se no canto, percebendo que nesse instante congelado, uma das
criaturas perfurava o teto do local e iria irremediavelmente entrar.
A
violência de toda a cena era pulsante. Pelo menos eu senti isso... Era como
caminhar na pintura de um massacre, e ver todos os detalhes: Sangue sendo
jorrada, lagrimas, coragem misturada com horror, e a pungente sensação de
esperança despedaçada.
Havia
outro portal na igreja, e passamos por ele com a mesma sensação... vermelha...
de antes.
Desta
vez aparecemos em um lugar que parecia ser uma região desértica. O céu era
claro e sem nuvens, e um trilho como aquele de carrinho de mineração se estendia
a nossa frente, de um lado para o infinito, e do outro, por uma região
montanhosa até uma cidade que não parecia estar longe.
Os
caminhos feéricos levavam por este trilho e o seguimos até que se destacou e
subiu uma ladeira, onde acima aguardava outro obelisco. Ao subir lá, e ter
melhor vista, vimos uma cidade gigantesca se estendendo pelo horizonte, uma
cidade claramente de magos.
A
cidade estava repleta de grandes torres de materiais reflexivos, ruas amplas e
uma arquitetura alienígena. E vimos, ao longe, enormes crateras no local, que
não possuía nenhuma planta nem animal... E que novamente parecia congelado.
Embora
o caminho feérico nos levasse a outro lado, a curiosidade nos chamou a visitar
a enorme cidade de magos, e depois de uma longa, porém rápida viagem seguindo
esse absurdo trilho de carrinho de mina, por sobre pontes metálicas e grandes e
tuneis lisos e retos, até a cidade.
Nunca
na minha vida, até esse momento, tinha visto uma arquitetura como essa: Torres
enormes se erguiam nas mais variadas formas geométricas, uma ao lado da outra
como se em competição de quem possuía a maior fachada. Haviam estranhas
maquinas de guerra em todo o local, retângulos achatados feitos de metal e que
possuíam rodas, lembrando um pouco as carruagens mecânicas dos urdurs.
O
local estava devastado, como se uma guerra tivesse varrido todos os habitantes,
e o local parecia abandonado faz séculos. Ao subir numa das torres, vimos como
a cidade se estendia gigantesca pelo horizonte e crateras cobriam ela...
Pelas
estatuas que sobraram, descobrimos que os habitantes do local, agora sumidos,
eram seres mais altos que nos, com quatro braços e pescoços longos, nada
parecidos a nos.
Voltamos
ao obelisco que nos levou ao portal para uma nova viagem.
O
novo local é provavelmente o lugar mais estranho que eu já tenha visto: A
arquitetura angular era repleta de riscos brilhantes e escopos de luz que
filtravam-se como veias geométricas. O ar do local era grandioso, maior que a
vida.
Este
lugar vimos os habitantes, que pareciam cavaleiros trajando armaduras metálicas
de diferentes cores e de formatos estranhos, e que pareciam ser feitas de algum
tipo de metal desconhecido para nos. Eram munidos de carabinas que lembravam à
do raagras, mas não poderiam ser mais diferentes. Estes cavaleiros eram mais
altos que nos, provavelmente o dobro do tamanho, e assim era sua arquitetura.
Eles,
neste momento preso no tempo, lutavam contra aquelas bestas serpentideas e
aberrantes que vimos no mundo dos pequenos vermelhos, e mesmo munidos de
poderosas armas e tamanho descomunal, pareciam estar sendo sobrepujados.
Seguimos
os caminhos das lajotas feéricas que nos levaram para fora do local para um
local que eu jamais poderia ter imaginado. Estávamos alto, em algo similar a
uma ilha voadora, com outras estruturas similares perto de nós, grandes
estruturas voadoras, flutuando por sobre uma cidade que se estendida até onde
os olhos alcançavam.
A
cidade queimava e meteoritos caiam no local como caíram na vila dos pequenos.
Em todo lugar se via estes cavaleiros titânicos lutando contra as bestas
invasoras, ou montados em estranhas carruagens voadoras como as que o raagras
me descrevera alguma vez.
No
céu, uma lua gigantesca, com desenhos brilhantes que pareciam ser uma cidade
vista de cima, mui a distância. Talvez seria, neste estranho mundo. Ao avançar
até o final do corredor, chegamos até onde havia uma destas figuras sem o seu elmo.
Trajando uma armadura branca e igualmente metálica, ele era de uma raça que
poderíamos primeiramente dizer que era ekariana: dentes pontudos e rosto
protuberante, porém seus olhos brilhavam com um misto de inteligência, nobreza
e desespero...
Um
cavaleiro, um tipo de herói deste povo sendo destruído por estes invasores...
Passamos
pelo portal e abrimos a uma ilha...
Ao
contrário das outras imagens, aqui sentimos o vento e víamos as folhas das
frondosas arvores se moverem. Saímos até uma parte mais elevada, onde diversas
figuras feéricas conversavam e andavam à distância. O mundo ao nosso redor, de
cores vibrantes e claras, era belo e ao mesmo tempo perturbador depois de
passar pelos lugares que passamos.
Fomos
interpelados por uma fada, um ser em forma de arvore que moveu-se a nossa
direção, perguntando se víamos a recolher o rubi.
Ele
explicou para nós que estávamos no mezanino dos exarcas, o local onde os mais
poderosos entre as fadas vem passar o seu tempo.
Ele
explica para nós que os lugares que passamos existiram, e que foram gravados na
memora do universo, e os exarcas tinham acessado eles com o poder da gema
vermelha. Todo os lugares eram lugares onde Ekaria tinha vindo, e como um
parasita, sugado e absorvendo toda a vida, só para se afastar depois, deixando
um mundo feito uma carcaça morta.
Mundo
traz mundo, Ekaria tinha absorvido a vida e viajando entre as estrelas a procura
de uma nova vítima.
Como
poderíamos nós deter ela, se tantos lugares não conseguiram? Eu me perguntei. E
percebendo meu questionamento, o ser arvore, o guardião do local, nos explicou
que somente um mundo tinha sobrevivido a Ekaria: o nosso.
Graças
ao poderes das Cores do mundo, Ekaria tinha sido presa e acorrentada ao centro
do mundo. Mas nem isso era pra sempre. As gemas tinham sido criadas para tal, e
agora era nosso destino dar um bom uso a elas.
Ele
explicou que estes magísteres tinham viajado o cosmos por incontáveis mundos
graças ao poder do rubi e sabiam muita coisa, mas ainda havia segredos para
eles, como a procedência de Ekaria.
Adoraria
ter a oportunidade de falar com eles, tantas perguntas que tenho...
Mas
não podíamos. O espirito guardião se despede de nós e disse que nos levaria
aonde estava a gema.
Em
um resplendor, todos nós caímos no chão duro de pedra lustrosa de uma ruina
élfica. O frio cruzou nossos corpos e nos golpeou com a realidade... Atrás de
nós, escutamos a voz de Helgraf.
Tínhamos
aparecido no mesmo lugar que estávamos antes, nas ruinas élficas no tipo da
montanha, aonde Ferrdath Narheaanae, o famoso explorador de Sylkranias, tinha
nos levado.
O
topo desta montanha, voltada sempre para o horizonte, longe o suficiente de
Ekaria para que nenhum corrompido, nem nenhum mortal sem o auxílio das fadas,
pudesse chegar.
Mirani,
Helgraf e Lindriel nos esperavam, e ficamos um pouco chocados ao descobrir que
não tínhamos nos ausentado por muito tempo. Somente poucos segundos, desde que
cruzamos o portal vermelho que se abrira com o toque mortal, até estar
ajoelhados no chão gelado da cripta.
O
local era muito maior do que poderia fisicamente caber no cume daquela
montanha, e estava flanqueado por estatuas de heróis e deuses feéricos, que nos
observavam do alto de sua impessoalidade pétrea.
Uma
ilusão, foi como Salamandra e Lindriel resumiram nossa viagem quase
instantânea. Uma ilusão, mas que foi real...
Luna
não perdeu tempo, e acompanhei-a aonde estava a gema vermelha. A sacerdotisa colocou
a mão sobre as gemas, que reagiu e lançou um resplendor de luz vermelha por
sobre todos nos.
Ao
fazer isso, Luna pareceu perder seu jeito pretencioso e pareceu preocupada com
o que tinha nas mãos... Ela pareceu entender automaticamente o toque do destino
e sua inexorável responsabilidade para com a gema...
O
resto de nos, guardamos em nosso amago as imagens que vimos...
E
me pergunto, mesmo com as gemas, como seria possível para nos parar Ekaria?
--
Espião
24, 14 4e
Diário,
A
viagem de volta a Hamask foi mais rápida do que a vinda, graças à Lavínia e a
Senhora do Fogo.
Explicarei:
Como não nos esgotamos pela viagem no portal, não vimos necessidade de ficar
muito tempo a mais em Sylkranias. Sabiamos que não éramos visitantes bem
vistos.
Tínhamos
dois caminhos para voltar para Hamask: viajar para Brzengard e de lá viajar
para o sul, evitando as hordas de selvagens, draconatos, dragões e corrompidos,
além de cruzados de corvo branco enquanto viajámos.
Ou
convencer aos senhores de Sylkranias de nos dar acesso a um portal que nos
deixasse mais perto... talvez, inclusive, Elhedond. Esta opção pareceu melhor e
decidimos descobrir o que seria necessário para que estas fadas nos dessem
acesso a seus portais. Luna e Lindriel fizeram todo o possível e conseguiram
uma negociação que embora cara, era possível: eles queriam um item
significativo, talvez de feitiçaria poderosa.
Somente
tínhamos dois destes itens: a minha armadura, que eu me prontifiquei a ceder
caso fosse necessário, e a gema dada pela Senhora do Fogo à Lavínia.
Absurdamente,
Lavínia lembrou o que a gema faz, e sem necessidade de negociar com Sylkranias,
um espirito nos levou a Hamask.
A
viagem foi horrível, enquanto um espirito negro e sombrio por fim acordou das
diversas tentativas de Lavínia de chama-lo, e ao pedir que nos levasse a casa,
a criatura sóbria criou um portal.
Estes
portais feéricos são nefasto para qualquer um que não tenha ascendência
feérica.
Caímos
na sala onde a feiticeira alarani Iliziarelli dormia. A passagem novamente foi
terrível para nós e nem mesmo a exuberância de Iliziarelli conseguiu evitar
tenhamos quase vomitado nossas entranhas.
Ela
fora avisar o patriarca. Estou aqui tomando esta gororoba vermelha, esperando
que Urian venha para contarmos a ele nossas andanças.
--
Espião
24, 14 4e
Diário,
O
patriarca recebeu bem as notícias, e pareceu sequer notar o fato que agora seu
plano era público. Ou só pareceu, porque as emoções do patriarca não são
facilmente desvendadas.
E
mais principalmente, o Patriarca confirmou minha posição com os outros. Eu lhes
disse, fazia poucas noites geladas, que o plano era enfrentar os dragões, que
não havíamos descoberto uma forma de desfazer a castração que Ekaria tinha
feito.
Mas
que estávamos abertos à possibilidade.
Quando
eu falo isto, meus companheiros não aceitaram de bom grau. Quando é o próprio
patriarca a dizer com suas palavras, ninguém desafia.
Em
todo caso, Luna entregou a gema à Urian, parecendo se livrar do peso da sua
responsabilidade: Ela diz que o destino dela era carrega-la, não usá-la. A gema
reage normalmente às mãos de Urian.
O
patriarca fica feliz, e me pede para oferecer uma recompensa aqueles que
viajaram conosco e que não fazem parte da Ordem do Dragão, e logo se retira.
Eu
o faço, e inclusive, estendo a gratidão a Helgraf e a Medea, como uma gratidão
pessoal minha, ja que, mesmo sendo da ordem do dragão, ainda arriscaram sua
vida tanto quanto os demais.
Salamandra
vai embora, deixando claro que sua lealdade era exclusivamente com Lavínia, não
comigo ou com a Ordem do Dragão. Mirani também, uma vez cumprida sua viagem,
ela retorna a seu mestre e pede como recompensa uma coleção inteira dos livros
do Xeloksar, e lhe ofereço duas, já que sei que os livros da sua majestade
existem em profusão em caixas na casa dele.
Luna
e Lindriel também se retiram. Luna diz que seu caminho era recuperar e entregar
a gema vermelha, e só isso. Ela não tem... o que precisa, nas palavras dela,
para seguir esta busca. Ademais, com o estado em que as cosias ficaram com Raziel,
ela certamente tem mais coisas para pensar além da salvação das raças e a luta
contra Ekaria...
Lindriel
a segue, sua fidelidade está com a agora nova baronesa Luna, jamais comigo ou
com a Ordem do Dragão.
Lindriel
e Luna sabiamente entendem que a “gratidão” da ordem do dragão já lhes foi
dada, mas mesmo assim eu lhes ofereço um último presente, e Lindriel escolhe
por limpar o histórico de crimes de Raziel, que agora trabalha para a Luna.
Não
sei se estou contenta com isto, mas eu realmente precisei de tanto a Luna
quanto a Lindriel no norte, e em momento nenhum me deixaram desamparada, apesar
de terem me gerado frustação as vezes. Sou grata a elas e elas sabem disso.
Lavínia
também se retira. Ela está muito esgotada com tudo isso, em especial porque ela
agora abertamente detesta a Ordem do Dragão e nosso plano, mas ela entende que
não temos outra saída. Ela não quer fazer parte disto, ou sente que não
precisa, que seu destino chegou ao final. Ela odeia a Ordem do Dragão, mas aqui
é o único lugar onde sua fé tem um porto seguro...
Ela
tem uma religião que reconstruir.
Sobramos
eu, Helgraf e Medeia. A eles lhe ofereço a gratidão pessoal e eles me darão sua
resposta de seus desejos depois. São cavaleiros da ordem do dragão, jurados a
seguir as ordens de Urian, e não estão lá por escolha espontânea, mas pela
força do dever. Eu entendo isso e não vou fingir que é ao contrário.
Talvez
Helgraf e ela, em outra ocasião, teriam me seguido de boa vontade. Mas agora,
eu sou a matriarca, e seu dever de honra também é para comigo.
Eu
lhes pergunto a estes últimos dois: como poderemos salvar as outras espécies?
Eles tinham alguma ideia, alguma luz que eu não visse. A reação dos dois é a
mesma que no norte, quando lhes perguntei por primeira vez: Indignação, mas não
tem como me ajudar.
Dispensei
os dois: Helgraf certamente almeja ver seus filhos e sua esposa, e Medeia,
apesar do bastião que é, parece estar o dobro mais cansada do que eu. Estou em
casa, estou segura em hamask.
Estou
sozinha agora, somente com o som do meu lápis sobre este papel. Iliziarelli retirou-se
a poucos minutos.
Que
esperança há para nós? Será que o que vimos, os mundos devastados pela
corrupção de Ekaria, não será nosso caminho também? Ekaria parece algo tão
grande, tão formidável e tão alienígena que não parece ser possível para nos
para-la. Eu sei que isso cruzou na mente de todos, eu sei que isso influenciou
eles a desistirem.
Eu
gostaria de desistir, mas não tenho esse direito. Preciso estar nisso até o
final da minha vida ou o final dos dias...
Estou
com uma enorme vontade de ver meus filhos...
--
Espião
27, 14 4e
Diário,
O
Patriarca me é honesto com seus planos e acontecimentos. Ele diz que enquanto
estávamos no norte, ele localizara a esfera verde. Ele insiste em não me
revelar o local, temendo que eu possa fazer alguma besteira, mas insisto e ele
fala.
A
esfera está com o Senhor das Moscas.
Ele
acha que Elizabeth já sabe, e enviará uma expedição dela e dos melhores
estrelas negras para tentar recuperar a gema, como desculpa da verdade que é a
vingança que ela tem contra este imortal.
Faz
sentido, um hierofante imortal com tanto controle sobre a vida, as doenças e as
pragas. Provavelmente é alguém que tempos atrás descobriu a gema verde e
explorou seus segredos para benefício pessoal.
Mas
Urian é frio e franco: Ele acha que Elizabeth vai fracassar, e ele espera por
isso. Segundo ele, os estrelas negras não são confiáveis e que certamente estão
sendo agentes triplos, para irritaria ou para outro mestre.
Urian
tinha destacado forças confiáveis da ordem do dragão para ir atrás desta gema
depois de que Eliza possivelmente fracassar, caso não, negociará a gema com
ela.
Ele
ainda revela outra coisa que descobrira: a Dama Branca, a minha contato com a
ordem paragnóstica, na verdade era a dragonessa Lashgana e que a empessoava faz
muito tempo. Ela é a “mão esquerda” de Ashardalon.
Urian
acredita que ela tenha nos dado a dica da espada e nos incentivado a usa-la
contra Salohknir, relevando que talvez a fidelidade das forças de Ashardalon
não seja tão firme quanto achávamos.
Eu
especulo que a dragonessa esteja trabalhando para enfraquecer Irritária, o que
ele acredita ser um fato, mas diz que ele não se importa, ao final, uma
Irritária enfraquecida é menos problemática para as forças de Hamask. Eu
concordo.
Faz
sentido, ao final se Salohknir é tão poderoso quando dizem, a dragonessa branca
não poderia sonhar em enfrenta-lo frente a frente, não sem temer também a fúria
de Ashardalon. Ela esperava que a espada torna-se uma pessoa insana e fácil de
influenciar, como o fez com Emil, e facilmente apontada contra o seu inimigo: A
espada poderá dar a um mortal o poder de matar Salohknir, e assim tira-lo do
caminho de Lashgana.
Confesso
que as revelações de patriarca me enfureceram. Primeiramente, porque estou
cansada de ser sincera com Urian, mas jamais saber se ele está sendo comigo. Eu
tenho a impressão de que urian me esconde tanta coisa, coisas que ele julga
como sendo perigosas para mim saber. Estou farta disso.
Estou
com raiva de ver a questão da dragonessa como ele o vê, de concordar com ele:
Eu sei que ela traz morte e desespero a centenas de pessoas, mas consigo ver as
vantagens para a posição da ordem do dragão em manter uma irritaria
enfraquecida.
Finalmente,
estou também chocada pelo fato de que estou mais brava pelo fato de que o Urian
tenha enviado outra pessoa a recuperar a gema verde que pelo fato dele estar
planejando a morte de Elizabeth.
Eu
sei que Eliza era minha amiga, ou é. Não sei... mas vou ser sincera: Eu odeio
ela pela posição que ela se colocou. Não importa qual seja a justificativa
dela, ela decidiu jogar o “próprio” jogo, ela deu as costas para a Cabala de
Izack quando a chamamos, ela omitiu muita informação sobre a Nuália que
certamente teria mudado as coisas.
Izack
e tantos outros talvez ainda estivessem vivos se Elizabeth tivesse sido mais
clara comigo.
Eu
não quero que ela morra, mas não sinto a simpatia e a urgência para ajudá-la
que achei que sentiria.
Estou
muito mais furiosa pelo fato do Urian ter enviado outras pessoas atrás da gema.
Sinto como se ele tivesse roubado parte do meu caminho... Eu sinto que tenho
que ser eu em procurar as gemas. Em encontra-las e traze-las!
Não
sou um “recurso” para ele usar. Não serei um “recurso” para ele!
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on sábado, abril 16, 2016
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