BL - Diário de Erika 28  

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Sessão 28

Espião 22, 14 4e

Diário,

Qual esperança ainda poderia resistir ao que vi?
                                                             
Às visões de mundos sendo devorados por Ekaria, e mundos inteiros transformados em carcaças mortas.

Não sei dizer o que se passou na cabeça dos meus companheiros, ou mesmo se eles ligam ou se eles entenderam o que acabamos de ver. Só sei que para mim... Não sei... Qual esperança resta para nos contra Ekaria?

Ao passar pelo portal fomos transportados a um lugar estranho, que eu primeiro pensava ser um local perdido no véu. O céu brilhava com um sol branco e explosivo, e esta praia rochosa que saímos era banhada por esta luz alva e fria, mas tudo estava congelado...



O vento não soprava, e o sol não esquentava, as nossas pegadas não eram marcadas no solo. Era como se o este lugar estivesse preso num preciso momento.

Salamandra não conseguia sentir nada, e nem nos. A não ser lajotas que marcavam um caminho a ser seguido.

Este lugar paralisado não tinha animais nem plantas, e quando subimos as rochas da praia pudemos vir uma cidade ao longe e um caminho que levava para aquela direção. A cidade, munida de um sem fim de torres, estava distante, mas dava para caminhar.

Decidimos seguir o caminho marcado pelas lajotas, o que nos levou a um estranho obelisco: um menir feérico, que destoava de todo o local, em especial porque era o único objeto, além das lajotas, que o Salamandra conseguia sentir.

Este menir tinha marcas que desenhavam um mapa estelar e Lavínia conseguiu detectar que eram as estrelas daquele lugar, porém não as estrelas do nosso mundo. Não conseguimos entender as inscrições élficas pois mais uma vez Helgraf não tinha cruzado o portal, e Luna, a única que entendia silari, não conseguiu interpretar aquele dialeto.

Sem conseguir entender mais do local, além de se tratar de um mapa estelar, decidimos continuar pelo caminho que as lajotas feéricas nos mostravam. A estrada prosseguia até descer novamente para a praia e entrar em uma gruta, onde havia uma construção feérica que era sentida por salamandra.

Este local estava repleto de mosaicos das fadas, que mostravam figuras divinas, como os deuses deles. E estatuas naquele estilo genérico deles, sem detalhar as feições da pessoa retratada, mas que se podia entender perfeitamente o que era. E nesta construção havia outro portal como o que nos trouxe até lá.

Raciocinamos que talvez este portal nos levasse a um lugar que não tinha volta, e se era para encontrar a gema vermelha, deveríamos procurar melhor. Voltamos à superfície e decidimos caminhar até a cidade que tínhamos visto.

A caminhada, apesar de lenta como sempre, sentiu-se como se fosse inexistente: Não nos cansávamos nesse lugar, e sem o vento e a monotonia do local, apesar da extranhesa dele, fez o tempo passar rápido.

Na cidade, descobrimos que estava deserta. Nem uma alma, nem uma pessoa ou criatura presa nesse espasmo tempo esbranquiçado. O que achamos foi uma cidade em ruinas, com seus tetos, suas mobílias e qualquer coisa não feita de pedra a muito tempo desaparecidas. Era como se a cidade tivesse sido abandonada faz séculos.



Nos perguntamos quem abandonaria uma ruina desse tamanho...

A cidade tinha sinais de violência, como se tivesse sofrido um cerco ou uma guerra. Decidimos avançar até os prédios mais altos e centrais da cidade: quatro enormes torres que erguiam-se mais alto que qualquer uma que tenha visto antes, deixando mesmo as míticas torres de Elhedond diminuídas. Talvez só Cassiera fosse tão alto, mas o local é tão caótico que é difícil perceber onde começa um prédio e onde outro termina.

No caminho confirmamos que o local parecia ser uma ilusão ou algo assim: A agua parecia congelada, dura, e as coisas não pareciam poder ser movidas.

As torres do local, embora muito altas, estavam desgastadas e abandonadas e muito do seu interior estava ruído e tivemos dificuldade em chegar até a parte mais alta.

Lá vimos uma grande cidade, certamente uma capital, devastada e abandonada faz muito tempo. Mas nada que nos indicasse nada da gema... ela certamente não estaria lá.

Ao voltarmos, Lavinia notou as estatuas que preenchiam o que parecia ser um tempo: Estatuas de criaturas extranhas, não humanas, mas familiares de alguma forma, como se fosse uma raça que poderia ter habitado esse lugar. Seus rostos languinios e reptilianos não passavam uma maldade como os serpetideos passam.

Mais peturbados, voltamos ao obelisco e logo fomos ao portal feérico, mais certos que era para continuar esta viagem.

Luna teve certa dificuldade em ativar o portal, mas o fez meio que inconscientemente. Ela era a única feiticeira entre nós e talvez por ser encarregada de levar a gema vermelha, a antiga magia feérica do local teria aberto os caminhos para ela. Para nos.

Passamos pelo portal e tivemos a mesma sensação branda do começo. Não violento e visceral como outros portais por qual passei. Estes eram diferentes, como se projetados para nós, mortais.

O local que chegamos era um ceu noturno com um castelo no fundo, ao alto de um desfiladeiro. Mais abaixo, uma vila que lhe servia. Mas o que mais chamou a atenção e talvez gerou lampejos de medo em nossos corações eram os meteoros caindo dos céus. 


Bolas de fogo, diversas delas, chovendo perto e à distância, chocando-se contra o chão em poderosas explosões.

Mas novamente, tudo estava paralisado, congelado num momento infinito de tempo.

Salamandra somente conseguia sentir as lajotas élficas que nos mostravam um caminho até um obelisco à frente, outro dos menires élficos inscritos com mapas estelares estrangeiros, que correspondiam às estrelas do céu, mas não às nossas estrelas.

As lajotas élficas nos levavam até a vila à frente, onde claramente podíamos ver sinais de incêndio e fumaça.

Ao chegar perto, chocamo-nos com o que vimos: Os habitantes deste lugar, para começar, não pertenciam a nenhuma raça que já tenha visto... Pequenos como Akiaks, eles possuíam pele vermelha e olhos grandes, quase insectoides, e quatro dedos nas mãos. Apesar da aparência estranha, não pareciam ser uma raça aberrante ou algo similar: somente um povo diferente.

O que nos chocou não foram os habitantes da vila, mas sim as criaturas com que lutavam: Monstros serpentideos feitos de carne, garras, dentes e olhos esbugalhados, monstros enormes, mais altos que nos, pareciam invadir o local, matando e atacando tudo a seu caminho.

Eram centenas deles, e os pequenos habitantes do local lutavam uma luta perdida, munidos de estranhos tridentes, armaduras de couro e acompanhados do que pareciam ser cães de seis patas... mais ou menos.

Mesmo que as lajotas feéricas nos levassem para o interior da vila, decidimos ir até uma cratera que explodira próxima, onde um dos meteoros caíra. Lá confirmamos nossas suspeitas: as bestas aberrantes saíram da cratera, onde uma forma mais aberrante ainda existia, oculta pelas chamas, pó, fumaça e terra transformada em vidro.



Voltamos a vila e seguimos os caminhos feéricos até o que parecia ser uma igreja: análogos a templários lutavam contra estes monstros, e mesmo sendo uma luta perdida, não pareciam fraquejar. A igreja era o refúgio para crianças e velhos, que encolhiam-se no canto, percebendo que nesse instante congelado, uma das criaturas perfurava o teto do local e iria irremediavelmente entrar.

A violência de toda a cena era pulsante. Pelo menos eu senti isso... Era como caminhar na pintura de um massacre, e ver todos os detalhes: Sangue sendo jorrada, lagrimas, coragem misturada com horror, e a pungente sensação de esperança despedaçada.

Havia outro portal na igreja, e passamos por ele com a mesma sensação... vermelha... de antes.

Desta vez aparecemos em um lugar que parecia ser uma região desértica. O céu era claro e sem nuvens, e um trilho como aquele de carrinho de mineração se estendia a nossa frente, de um lado para o infinito, e do outro, por uma região montanhosa até uma cidade que não parecia estar longe.



Os caminhos feéricos levavam por este trilho e o seguimos até que se destacou e subiu uma ladeira, onde acima aguardava outro obelisco. Ao subir lá, e ter melhor vista, vimos uma cidade gigantesca se estendendo pelo horizonte, uma cidade claramente de magos.

A cidade estava repleta de grandes torres de materiais reflexivos, ruas amplas e uma arquitetura alienígena. E vimos, ao longe, enormes crateras no local, que não possuía nenhuma planta nem animal... E que novamente parecia congelado.

Embora o caminho feérico nos levasse a outro lado, a curiosidade nos chamou a visitar a enorme cidade de magos, e depois de uma longa, porém rápida viagem seguindo esse absurdo trilho de carrinho de mina, por sobre pontes metálicas e grandes e tuneis lisos e retos, até a cidade.

Nunca na minha vida, até esse momento, tinha visto uma arquitetura como essa: Torres enormes se erguiam nas mais variadas formas geométricas, uma ao lado da outra como se em competição de quem possuía a maior fachada. Haviam estranhas maquinas de guerra em todo o local, retângulos achatados feitos de metal e que possuíam rodas, lembrando um pouco as carruagens mecânicas dos urdurs. 



O local estava devastado, como se uma guerra tivesse varrido todos os habitantes, e o local parecia abandonado faz séculos. Ao subir numa das torres, vimos como a cidade se estendia gigantesca pelo horizonte e crateras cobriam ela...

Pelas estatuas que sobraram, descobrimos que os habitantes do local, agora sumidos, eram seres mais altos que nos, com quatro braços e pescoços longos, nada parecidos a nos.

Voltamos ao obelisco que nos levou ao portal para uma nova viagem.

O novo local é provavelmente o lugar mais estranho que eu já tenha visto: A arquitetura angular era repleta de riscos brilhantes e escopos de luz que filtravam-se como veias geométricas. O ar do local era grandioso, maior que a vida.

Este lugar vimos os habitantes, que pareciam cavaleiros trajando armaduras metálicas de diferentes cores e de formatos estranhos, e que pareciam ser feitas de algum tipo de metal desconhecido para nos. Eram munidos de carabinas que lembravam à do raagras, mas não poderiam ser mais diferentes. Estes cavaleiros eram mais altos que nos, provavelmente o dobro do tamanho, e assim era sua arquitetura.



Eles, neste momento preso no tempo, lutavam contra aquelas bestas serpentideas e aberrantes que vimos no mundo dos pequenos vermelhos, e mesmo munidos de poderosas armas e tamanho descomunal, pareciam estar sendo sobrepujados.
Seguimos os caminhos das lajotas feéricas que nos levaram para fora do local para um local que eu jamais poderia ter imaginado. Estávamos alto, em algo similar a uma ilha voadora, com outras estruturas similares perto de nós, grandes estruturas voadoras, flutuando por sobre uma cidade que se estendida até onde os olhos alcançavam.

A cidade queimava e meteoritos caiam no local como caíram na vila dos pequenos. Em todo lugar se via estes cavaleiros titânicos lutando contra as bestas invasoras, ou montados em estranhas carruagens voadoras como as que o raagras me descrevera alguma vez.

No céu, uma lua gigantesca, com desenhos brilhantes que pareciam ser uma cidade vista de cima, mui a distância. Talvez seria, neste estranho mundo. Ao avançar até o final do corredor, chegamos até onde havia uma destas figuras sem o seu elmo. Trajando uma armadura branca e igualmente metálica, ele era de uma raça que poderíamos primeiramente dizer que era ekariana: dentes pontudos e rosto protuberante, porém seus olhos brilhavam com um misto de inteligência, nobreza e desespero...



Um cavaleiro, um tipo de herói deste povo sendo destruído por estes invasores...

Passamos pelo portal e abrimos a uma ilha...

Ao contrário das outras imagens, aqui sentimos o vento e víamos as folhas das frondosas arvores se moverem. Saímos até uma parte mais elevada, onde diversas figuras feéricas conversavam e andavam à distância. O mundo ao nosso redor, de cores vibrantes e claras, era belo e ao mesmo tempo perturbador depois de passar pelos lugares que passamos. 




Fomos interpelados por uma fada, um ser em forma de arvore que moveu-se a nossa direção, perguntando se víamos a recolher o rubi.

Ele explicou para nós que estávamos no mezanino dos exarcas, o local onde os mais poderosos entre as fadas vem passar o seu tempo.

Ele explica para nós que os lugares que passamos existiram, e que foram gravados na memora do universo, e os exarcas tinham acessado eles com o poder da gema vermelha. Todo os lugares eram lugares onde Ekaria tinha vindo, e como um parasita, sugado e absorvendo toda a vida, só para se afastar depois, deixando um mundo feito uma carcaça morta.

Mundo traz mundo, Ekaria tinha absorvido a vida e viajando entre as estrelas a procura de uma nova vítima.

Como poderíamos nós deter ela, se tantos lugares não conseguiram? Eu me perguntei. E percebendo meu questionamento, o ser arvore, o guardião do local, nos explicou que somente um mundo tinha sobrevivido a Ekaria: o nosso.

Graças ao poderes das Cores do mundo, Ekaria tinha sido presa e acorrentada ao centro do mundo. Mas nem isso era pra sempre. As gemas tinham sido criadas para tal, e agora era nosso destino dar um bom uso a elas.

Ele explicou que estes magísteres tinham viajado o cosmos por incontáveis mundos graças ao poder do rubi e sabiam muita coisa, mas ainda havia segredos para eles, como a procedência de Ekaria.

Adoraria ter a oportunidade de falar com eles, tantas perguntas que tenho...

Mas não podíamos. O espirito guardião se despede de nós e disse que nos levaria aonde estava a gema.

Em um resplendor, todos nós caímos no chão duro de pedra lustrosa de uma ruina élfica. O frio cruzou nossos corpos e nos golpeou com a realidade... Atrás de nós, escutamos a voz de Helgraf.

Tínhamos aparecido no mesmo lugar que estávamos antes, nas ruinas élficas no tipo da montanha, aonde Ferrdath Narheaanae, o famoso explorador de Sylkranias, tinha nos levado.

O topo desta montanha, voltada sempre para o horizonte, longe o suficiente de Ekaria para que nenhum corrompido, nem nenhum mortal sem o auxílio das fadas, pudesse chegar.

Mirani, Helgraf e Lindriel nos esperavam, e ficamos um pouco chocados ao descobrir que não tínhamos nos ausentado por muito tempo. Somente poucos segundos, desde que cruzamos o portal vermelho que se abrira com o toque mortal, até estar ajoelhados no chão gelado da cripta.

O local era muito maior do que poderia fisicamente caber no cume daquela montanha, e estava flanqueado por estatuas de heróis e deuses feéricos, que nos observavam do alto de sua impessoalidade pétrea.

Uma ilusão, foi como Salamandra e Lindriel resumiram nossa viagem quase instantânea. Uma ilusão, mas que foi real...
Luna não perdeu tempo, e acompanhei-a aonde estava a gema vermelha. A sacerdotisa colocou a mão sobre as gemas, que reagiu e lançou um resplendor de luz vermelha por sobre todos nos.

Ao fazer isso, Luna pareceu perder seu jeito pretencioso e pareceu preocupada com o que tinha nas mãos... Ela pareceu entender automaticamente o toque do destino e sua inexorável responsabilidade para com a gema...

O resto de nos, guardamos em nosso amago as imagens que vimos...

E me pergunto, mesmo com as gemas, como seria possível para nos parar Ekaria?

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Espião 24, 14 4e

Diário,

A viagem de volta a Hamask foi mais rápida do que a vinda, graças à Lavínia e a Senhora do Fogo.

Explicarei: Como não nos esgotamos pela viagem no portal, não vimos necessidade de ficar muito tempo a mais em Sylkranias. Sabiamos que não éramos visitantes bem vistos.

Tínhamos dois caminhos para voltar para Hamask: viajar para Brzengard e de lá viajar para o sul, evitando as hordas de selvagens, draconatos, dragões e corrompidos, além de cruzados de corvo branco enquanto viajámos.

Ou convencer aos senhores de Sylkranias de nos dar acesso a um portal que nos deixasse mais perto... talvez, inclusive, Elhedond. Esta opção pareceu melhor e decidimos descobrir o que seria necessário para que estas fadas nos dessem acesso a seus portais. Luna e Lindriel fizeram todo o possível e conseguiram uma negociação que embora cara, era possível: eles queriam um item significativo, talvez de feitiçaria poderosa.

Somente tínhamos dois destes itens: a minha armadura, que eu me prontifiquei a ceder caso fosse necessário, e a gema dada pela Senhora do Fogo à Lavínia.

Absurdamente, Lavínia lembrou o que a gema faz, e sem necessidade de negociar com Sylkranias, um espirito nos levou a Hamask.

A viagem foi horrível, enquanto um espirito negro e sombrio por fim acordou das diversas tentativas de Lavínia de chama-lo, e ao pedir que nos levasse a casa, a criatura sóbria criou um portal.

Estes portais feéricos são nefasto para qualquer um que não tenha ascendência feérica.

Caímos na sala onde a feiticeira alarani Iliziarelli dormia. A passagem novamente foi terrível para nós e nem mesmo a exuberância de Iliziarelli conseguiu evitar tenhamos quase vomitado nossas entranhas.

Ela fora avisar o patriarca. Estou aqui tomando esta gororoba vermelha, esperando que Urian venha para contarmos a ele nossas andanças.



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Espião 24, 14 4e

Diário,

O patriarca recebeu bem as notícias, e pareceu sequer notar o fato que agora seu plano era público. Ou só pareceu, porque as emoções do patriarca não são facilmente desvendadas.

E mais principalmente, o Patriarca confirmou minha posição com os outros. Eu lhes disse, fazia poucas noites geladas, que o plano era enfrentar os dragões, que não havíamos descoberto uma forma de desfazer a castração que Ekaria tinha feito.

Mas que estávamos abertos à possibilidade.

Quando eu falo isto, meus companheiros não aceitaram de bom grau. Quando é o próprio patriarca a dizer com suas palavras, ninguém desafia.

Em todo caso, Luna entregou a gema à Urian, parecendo se livrar do peso da sua responsabilidade: Ela diz que o destino dela era carrega-la, não usá-la. A gema reage normalmente às mãos de Urian.

O patriarca fica feliz, e me pede para oferecer uma recompensa aqueles que viajaram conosco e que não fazem parte da Ordem do Dragão, e logo se retira.

Eu o faço, e inclusive, estendo a gratidão a Helgraf e a Medea, como uma gratidão pessoal minha, ja que, mesmo sendo da ordem do dragão, ainda arriscaram sua vida tanto quanto os demais.

Salamandra vai embora, deixando claro que sua lealdade era exclusivamente com Lavínia, não comigo ou com a Ordem do Dragão. Mirani também, uma vez cumprida sua viagem, ela retorna a seu mestre e pede como recompensa uma coleção inteira dos livros do Xeloksar, e lhe ofereço duas, já que sei que os livros da sua majestade existem em profusão em caixas na casa dele.

Luna e Lindriel também se retiram. Luna diz que seu caminho era recuperar e entregar a gema vermelha, e só isso. Ela não tem... o que precisa, nas palavras dela, para seguir esta busca. Ademais, com o estado em que as cosias ficaram com Raziel, ela certamente tem mais coisas para pensar além da salvação das raças e a luta contra Ekaria...

Lindriel a segue, sua fidelidade está com a agora nova baronesa Luna, jamais comigo ou com a Ordem do Dragão.

Lindriel e Luna sabiamente entendem que a “gratidão” da ordem do dragão já lhes foi dada, mas mesmo assim eu lhes ofereço um último presente, e Lindriel escolhe por limpar o histórico de crimes de Raziel, que agora trabalha para a Luna.

Não sei se estou contenta com isto, mas eu realmente precisei de tanto a Luna quanto a Lindriel no norte, e em momento nenhum me deixaram desamparada, apesar de terem me gerado frustação as vezes. Sou grata a elas e elas sabem disso.
Lavínia também se retira. Ela está muito esgotada com tudo isso, em especial porque ela agora abertamente detesta a Ordem do Dragão e nosso plano, mas ela entende que não temos outra saída. Ela não quer fazer parte disto, ou sente que não precisa, que seu destino chegou ao final. Ela odeia a Ordem do Dragão, mas aqui é o único lugar onde sua fé tem um porto seguro...

Ela tem uma religião que reconstruir.

Sobramos eu, Helgraf e Medeia. A eles lhe ofereço a gratidão pessoal e eles me darão sua resposta de seus desejos depois. São cavaleiros da ordem do dragão, jurados a seguir as ordens de Urian, e não estão lá por escolha espontânea, mas pela força do dever. Eu entendo isso e não vou fingir que é ao contrário.

Talvez Helgraf e ela, em outra ocasião, teriam me seguido de boa vontade. Mas agora, eu sou a matriarca, e seu dever de honra também é para comigo.

Eu lhes pergunto a estes últimos dois: como poderemos salvar as outras espécies? Eles tinham alguma ideia, alguma luz que eu não visse. A reação dos dois é a mesma que no norte, quando lhes perguntei por primeira vez: Indignação, mas não tem como me ajudar.

Dispensei os dois: Helgraf certamente almeja ver seus filhos e sua esposa, e Medeia, apesar do bastião que é, parece estar o dobro mais cansada do que eu. Estou em casa, estou segura em hamask.

Estou sozinha agora, somente com o som do meu lápis sobre este papel. Iliziarelli retirou-se a poucos minutos.

Que esperança há para nós? Será que o que vimos, os mundos devastados pela corrupção de Ekaria, não será nosso caminho também? Ekaria parece algo tão grande, tão formidável e tão alienígena que não parece ser possível para nos para-la. Eu sei que isso cruzou na mente de todos, eu sei que isso influenciou eles a desistirem.

Eu gostaria de desistir, mas não tenho esse direito. Preciso estar nisso até o final da minha vida ou o final dos dias...

Estou com uma enorme vontade de ver meus filhos...

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Espião 27, 14 4e


Diário,

O Patriarca me é honesto com seus planos e acontecimentos. Ele diz que enquanto estávamos no norte, ele localizara a esfera verde. Ele insiste em não me revelar o local, temendo que eu possa fazer alguma besteira, mas insisto e ele fala.

A esfera está com o Senhor das Moscas.

Ele acha que Elizabeth já sabe, e enviará uma expedição dela e dos melhores estrelas negras para tentar recuperar a gema, como desculpa da verdade que é a vingança que ela tem contra este imortal.

Faz sentido, um hierofante imortal com tanto controle sobre a vida, as doenças e as pragas. Provavelmente é alguém que tempos atrás descobriu a gema verde e explorou seus segredos para benefício pessoal.

Mas Urian é frio e franco: Ele acha que Elizabeth vai fracassar, e ele espera por isso. Segundo ele, os estrelas negras não são confiáveis e que certamente estão sendo agentes triplos, para irritaria ou para outro mestre.

Urian tinha destacado forças confiáveis da ordem do dragão para ir atrás desta gema depois de que Eliza possivelmente fracassar, caso não, negociará a gema com ela.

Ele ainda revela outra coisa que descobrira: a Dama Branca, a minha contato com a ordem paragnóstica, na verdade era a dragonessa Lashgana e que a empessoava faz muito tempo. Ela é a “mão esquerda” de Ashardalon.

Urian acredita que ela tenha nos dado a dica da espada e nos incentivado a usa-la contra Salohknir, relevando que talvez a fidelidade das forças de Ashardalon não seja tão firme quanto achávamos.

Eu especulo que a dragonessa esteja trabalhando para enfraquecer Irritária, o que ele acredita ser um fato, mas diz que ele não se importa, ao final, uma Irritária enfraquecida é menos problemática para as forças de Hamask. Eu concordo.

Faz sentido, ao final se Salohknir é tão poderoso quando dizem, a dragonessa branca não poderia sonhar em enfrenta-lo frente a frente, não sem temer também a fúria de Ashardalon. Ela esperava que a espada torna-se uma pessoa insana e fácil de influenciar, como o fez com Emil, e facilmente apontada contra o seu inimigo: A espada poderá dar a um mortal o poder de matar Salohknir, e assim tira-lo do caminho de Lashgana.

Confesso que as revelações de patriarca me enfureceram. Primeiramente, porque estou cansada de ser sincera com Urian, mas jamais saber se ele está sendo comigo. Eu tenho a impressão de que urian me esconde tanta coisa, coisas que ele julga como sendo perigosas para mim saber. Estou farta disso.

Estou com raiva de ver a questão da dragonessa como ele o vê, de concordar com ele: Eu sei que ela traz morte e desespero a centenas de pessoas, mas consigo ver as vantagens para a posição da ordem do dragão em manter uma irritaria enfraquecida.

Finalmente, estou também chocada pelo fato de que estou mais brava pelo fato de que o Urian tenha enviado outra pessoa a recuperar a gema verde que pelo fato dele estar planejando a morte de Elizabeth.

Eu sei que Eliza era minha amiga, ou é. Não sei... mas vou ser sincera: Eu odeio ela pela posição que ela se colocou. Não importa qual seja a justificativa dela, ela decidiu jogar o “próprio” jogo, ela deu as costas para a Cabala de Izack quando a chamamos, ela omitiu muita informação sobre a Nuália que certamente teria mudado as coisas.

Izack e tantos outros talvez ainda estivessem vivos se Elizabeth tivesse sido mais clara comigo.

Eu não quero que ela morra, mas não sinto a simpatia e a urgência para ajudá-la que achei que sentiria.

Estou muito mais furiosa pelo fato do Urian ter enviado outras pessoas atrás da gema. Sinto como se ele tivesse roubado parte do meu caminho... Eu sinto que tenho que ser eu em procurar as gemas. Em encontra-las e traze-las!

Não sou um “recurso” para ele usar. Não serei um “recurso” para ele!

Eliza vai morrer, e a equipe que ele enviou vai falhar. Eu sei disso. Espero por isso.

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