Nota: Bastardos da Loucura seguirá uma forma de diário diferente; os eventos não serão escrito em conto ou em fichário, e sim são como Erika os lembra e escreve em seu diário, e serão escritos por Lich.
Sessão 1
Sessão 1
Faz
tempo que não escrevo. Não tive forças nem animo, acho que sequer tive os
meios. Mas sinto que é importante escrever estas palavras que não posso falar a
ninguém, porque ninguém entenderia. Talvez a Raquel o faria, ou a Cibele, mas
as duas estão longe.
Em
todo caso, a Cabala de Izack esta morta. Eu não sei quando nem sei como, mas
ela esta morta, não existe mais. Druhar, o rei dos Urdur, esta morto, ao igual
que Siegfried e sua esposa, que Aveshai, que Kazaraath, Marilia, aquela moça
simpática que cuidava dos cavalos, e o escudeiro do sir Avellion, e Jonas o
criador de cães e o mestre da guarda de Siegfried, o Joachim, Murok o caçador e
o padre Kalit também estão mortos, a cozinheira Tatia e aquela bonita urdur que
arrumava as armas, a Dolgana, aqueles três garotos simpáticos, o Milo, a Fiona
e o Akil estão mortos e diversos outras pessoas que chamei de amigos.
Eu
sobrevivi.
O
problema é que os dragões, Ashardalon e as maquinações de Ekaria não sumiram.
Eu
confesso. Tinha muita vontade de largar tudo, de pegar minhas coisas e ir para
algum lugar longe, onde fosse mais fácil esquecer. Mas não posso. Izack não
deixaria. Raquel não me permitiria.
Estou
cansada.
Mas
não posso parar. Val e Kallenish vieram até mim, pedi para eles enviarem
convites. Aqueles que sobraram, aqueles que ainda podem fazer a diferença. Há
coisas que só eu sei e que devem ser levadas ao mundo, ou todos nos vamos
morrer e tudo será em vão.
A
cada dia que passa, se torna mais difícil acordar. Se torna cada vez mais
difícil diferenciar o que é real do que é mentira, do que é sonho. Quando os
sacerdotes d'O Sonhador protegiam meus sonhos eu não sabia quanto isso valia.
Tinha esquecido de como era ter pesadelos. Mas agora os pesadelos são
diferentes
Antes
eu sonhava com o véu. Lembro do sol vermelho no céu, como um olho de um deus
cruel, sempre olhado imóvel e sádico. Lembro dos pássaros, pássaros obscenos e
aberrantes por todos lados. Lembro que as vezes sonhava com a Raquel, mas ela
sempre morria. Sempre eu terminava banhada no sangue dela.
Agora
é diferente. Sonho com o ataque dos dragões e é tão vivido. Todas as noites eu
vejo meus amigos morrerem, e todas as noites eu morro também. Sempre a mesma
cena sempre diferente. Não sei mais o que é verdade ou o que é mentira. Só sei
que eles estão mortos. E eu sobrevivi.
Acordei
hoje da mesma forma, tendo um pedaço de mim arrancado no mundo dos sonhos. Noor
estava lá. Ela nunca vai falar isso, mas eu estaria morta sem ela. Sem ela e
sem o Raagras. Mais um motivo para continuar andando, acho.
Val
me avisou que a reunião estava quase pronta. A nova cabala. Uma Cabala da Erika
agora. Uma cabala que não deveria ser. Lúcian me pergunta a que ponto chegamos,
estamos convidando para nos vilões e assassinos. O que posso responder a ele?
Se a cabala de Izack era grande, ampla, poderosa, como ele, não sei o que sinto
ao ver que a minha é torta. Menor. Falha.
Em
todo caso, estavam todos lá. Lúcian tinha mudado. Parecia em desde que acordei
ele tinha crescido uns 10 anos. Sua expressão é mais firme, mais séria. Acho
que Siegfried deve ter sido igual quando jovem.
Lucian
tinha me ofertado uma nova vida. Não com ele, é claro, mas sabe... Ele dizer...
Dizer que não preciso ser assim sempre, foi bom. As pessoas sempre esperam que
eu faça o que tenho que fazer, e eu faço, mas... Não sei... Eu estou cansada.
Mas
não posso parar agora. Talvez essa vida que ele prometeu não exista para mim.
Sempre vai haver um novo monstro, um novo mal. Sempre. Como poderei eu parar e
descansar? Olha para todos eles, voando como mariposas ao fogo, como moscas se
espiralando, deixando-se guiar pelos seus prazeres, sempre a procura de algo
mais que consumir. Como posso descansar se o mundo é feito de pessoas que
preferem ignorar que o mundo esta morrendo, a cada dia, um pouco mais?
Lucian
parecia um homem, não mais um garoto, e eu sinto tristeza por ele. Ele não
deveria ter passado por isso.
Raagras
também está lá. Eu sei que pode ser loucura, mas eu não acredito que ele está
lá por nada. Raagras, ele está aqui por alguma razão, e é algo importante. Não
sei... eu sinto que de alguma forma consigo entender ele. Somos parecidos, eu e
ele.
A
nova cabala estava reunida. Eles sempre esperam que eu fale algo. Não sei o que
falar, não sei como falar o que sei sem que pareça desespero, sem que mostre
que eu não sei o que fazer. Eu não sei. Mas eles estão la por mim, e por isso
eu faço o meu melhor para tentar lhes dar um pouco de confiança no que digo,
nas coisas que sei.
Eu
conto para eles das coisas que vi e das coisas que sei, olho para cada um, bem
nos olhos, quero que eles vejam. Eu matei deuses, eu matei demônios. Eu marquei
os céus com meus feitos, é isso que quero que eles vejam. O mundo pode ser
salvo.
Não
foi o que aconteceu. Do nada, um urdur que não tinha visto, ao qual não tinha
sequer prestado atenção, puxa uma besta e atira contra mim. Novamente a dor e o
calor elétrico da morte se aproximando. Não posso parar.
Uma
confusão se armou enquanto eu era arrastrada para fora, Luna e o Lorde
Xeloksar, e Gaborn me empurram para longe, enquanto outros ficam, lutando
contra... contra Ekaria. Ela sabe.
Eu
odeio isto, me sentir frágil, me sentir fraca. Eu mal conseguia caminhar, um
virote cravado no meu peito, no meu coração. Eu odeio ser fraca. Porque eu não
morri? O que me segura?
Fomos
para a Rosa Purpura. Assim que foi o começo da Cabala da Erika, metade deles
mortos, pelo único motivo de estarem comigo. Por mim.
Estou
cansada. Eu nunca descansei bem sem a Raquel. São pesadelos ou sonhos vazios.
Desta vez tenho que escolher o pesadelo e mergulhar nele. Eu vivo por aqueles
que morreram por mim, não posso morrer.
A
Cabala não pode morrer. Ou tudo será em vão.
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on sábado, julho 25, 2015
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