Sessão
2
Guerreiro 11 - 11 4E
Diário,
Estou
nesta cadeira faz dias. Dói me mover, sangro, e a perda de sangue me deixa
tonta eventualmente. Os médicos dizem que se fosse um dedo para a esquerda, o
tiro teria atravessado meu coração.
Kallenish
está a meu lado, delirando. Luna insiste em leva-lo para a terra do seu povo,
para que possa morrer em paz. Ele irá morrer? Espero que não. Metade da Cabala
esta morta, e a outra escapou por pouco.
Não
consigo dormir bem, parece que os pesadelos aparecem cada vez que fecho os
olhos. Os remédios não ajudam. Nunca precisei de remédio! Eu lutei contra
corrompidos por uma semana com o braço quebrado! Não vai ser a droga de um
virote que vai me parar, não importa o que eles digam!
Preciso
sair daqui.
***
Guerreiro
13 - 11 4E
Diário,
Os
demais foram para o norte. Desejo-lhes sorte.
Emyl
veio até mim, me disse que quer dar a espada para o líder deles. Ela é
estupida. Ela não vai conseguir derrotar Shaloknir, nem com a maldita espada.
Espero que alguém consiga colocar senso na cabeça dela. Em todo caso, não sei
se prefiro a espada nas mãos de homens que nas mãos de monstros. Monstros são
fáceis de lidar.
Damon
percebeu alguma coisa. Eu acho que ele tem razão, acho que Lúcian está em
perigo de alguma forma. Luna e Xeloksar não acreditam nisso. Eu vi coisas que a
maioria das pessoas jamais sonharia. Eu vi um mundo feito de fantasmas. Eu vi
uma maquina falar verdades tão cruéis que levavam soldados aos prantos. Eu
arranquei o coração de um Daemon com minhas próprias mãos. Eu olhei na cara de
anjos e demônios e vi os portões da morte. Porque eles não acreditam quando
peço para acreditarem em Damon?
Seja
como for, eles partiram. Xeloskar lhes deu indicações.
Me
obrigam tomar este amaldiçoado remédios. Não quero eles. Não precisei.
Eu
sou mais que isto. Eu preciso ser mais que isto.
Preciso
sair daqui.
***
Guerreiro
16 - 11 4E
Diário,
Luna
veio até mim. Contou para mim sobre quando ela assassinou o Fernando. Como foi
obrigada a faze-lo, caindo nas promessas de um sacerdote corrupto. Promessas de
que o amor dela seria salvo se ela o fizesse. Extorquida. Colocada contra a
parede.
Não
posso perdoá-la. Essa não é uma dor que é minha para perdoar. Eu admirava
Fernando, mas era Cibele que o amava, e é dela que o perdão deve ser recebido.
Luna quer usar isto como um combustível para ser uma pessoa melhor. Espero que
consiga. O que ela fez, o trabalho grotesco por medo e ilusão, não pode ser
sanado só com palavras alheias. A dor pelo Fernando ainda será vivida por ela
se ela mesma não se perdoar, e nem ele, nem ela, nem a Cibele, encontrarão a
paz se isto não ocorrer.
Luna
diz amar Lúcian. Que amor estranho é este, um amor tão abertamente não
correspondido, tão volátil, mas que ela se afeiçoa tanto? Não é amor por ela
que Lúcian sente. Não no sentido próprio da palavra. Eles, Luna e ele, não tem
um futuro juntos, nem uma historia a não ser uma sacerdotisa da Devoradora
servindo-se de um rapaz que acredita estar fazendo um bom negocio. O Amor que a
Devoradora oferece não é puro. É possessão, é dominação, e finalmente, consumo.
Quantos Lúcians será que ela já teve? A Devoradora é uma deusa cruel, se é
alguma coisa.
Luna
não sabe quem é a Raquel. A chamou... “Daquela”. Como se atreve!
***
Guerreiro
19 - 11 4E
Diário,
O
mar é bonito. Por fim sai daquele lugar. É bom sentir o vento no rosto. Os
akiaks do barco que a senhorita Luna arranjou são bastante legais, apesar de
não ter um linguajar muito... formal.
Sempre
gostei do mar. É verdade que ele é profundo, e que coisas habitam nele, mas ele
também é oportunidade, é um horizonte infinito em que atrás de cada onda pode
haver uma ilha escondendo mil maravilhas.
Lorde
Xeloksar parece desfrutar bastante da viagem. Ele fala um Raumvir impecável! E
o sotaque dele também é muito bonito.
O
ar está fresco. São bons ventos.
***
Guerreiro
21 - 11 4E
Diário,
Chegamos
a Khain. Faz anos que não estou aqui. A ultima vez que estive eu estava indo
para Lucan e foi só de passagem. Eram tempos mais leves, acho.
Sempre
admirei os barcos que Khain faz. O Calisto é realmente uma fortaleza flutuante,
e seus marujos são muito elegantes! Os trajes dos capitães cheios de medalhas e
seus chapéus bonitos. Eu queria ter ainda minhas medalhas. Sinto falta delas as
vezes.
Khain
cheira a peixe, mas é fácil de se acostumar. Eu não falo Arlangar e as pessoas
se surpreendem com isto. Não faz mal, a senhorita Luna e o lorde Xeloskar falam
bem este idioma. Lorde Gaborn não parece muito animado para falar com as
pessoas. Nem Raagras. E nem a senhorita Lindriel parece se contentar em seguir
a senhorita Luna.
Elas
usam chapéus. Chapéus bonitos e cheios de penas e alguns até frutas! Jamais
imaginei que usar frutas na cabeça poderia ser considerado elegante em algum
lado.
A
Cidade parece estar se recuperando de maus tempos, mas parece que eles não
abalaram os ânimos de Khain. Claro, há bastante pobreza, e bastante gente
sofrendo, mas considerando que a historia de Nualia seja verdade, é
surpreendente e admirável a resistência deste povo.
Falamos
com a Marechal Ilana Kroft. É uma mulher admirável, tão firme quanto Celeste a
descrevia, para surpresa. E mais supreendentemente, ela confirmou a historia de
Nuália. Claro, com devidas mudanças, pequenas, mas em geral bastante fieis.
Confesso que esperava que a historia de Nualia fosse uma mentira deslavada, mas
não o foi, e isso é um pouco assustador.
Não
sou inclinada a simplificar a Nualia como Luna ou os outros o fazem.
Ela
fala que esta sem dinheiro, que a rainha não a matou porque era popular, e para
puni-la, pune a guarda Alessandra junto. Coloca estas moças, as Espadas da
Rainha junto a guarda. São cruéis e duras, me falaram. Izack me falou uma vez
que medo é a melhor arma de um governante, pois teus inimigos tem medo de ti e
teus amigos temem te trair. A Rainha Rosália parece concordar, tristemente.
Fluímos
ao Sistema de Inteligência de Selvalis também. Fiquei uma meia hora esperando.
Tinha uma planta cheirosa lá e o sofá era cômodo, apesar do tédio. Sei que pode
parecer um pouco de arrogância, mas tinha me esquecido como era esperar para
ser atendida. Ultimamente as pessoas quando sabem quem sou eu me tratam
imediatamente.
Raagras
e Luna conseguiram convencer a moça para falar com um agente, e seguimos um
forjado até a casa de Karlanar. Fazia anos que não via um forjado. Confesso que
não consigo gostar deles, não tenho boas experiências com forjados, em especial
com os livres que tentam imitar os seres de carne.
Karlanar
mora em uma bonita mansão na parte alta da cidade. Mas é um alarani bastante excêntrico.
Ele nos confirmou parte da história, mas nos contou que Nualia tinha
modificando a historia com a traição de Felicia e Caesar. A bruxa Celeste se
surpreenderia, eu imagino.
Lorde
Xeloxar comprou chapéus para todos nos. Ele mesmo está usando um belo chapéu
preto com uma pena branca e azul, que fica muito bom nele. É um Thaar muito
elegante. Lorde Gaborn parece que gostou
de seu chapéu negro. Combina com ele. Até Raagras ganhou uma cartola! Ficou bem
bonitinha nele, mas não vou falar. Eu sei que ele fica sem graça.
Ele
me comprou um chapéu cor-de-rosa bem bonito, mas não posso ficar com ele. Ele
pareceu um pouco contrariado. Tentei me desculpar, mas não posso mesmo. Daria
para comprar um cavalo com o que ele gastou nesse chapéu! Ou alimentar uma
família por um mês! Espero que ele entenda.
Em
fim, tem também este Akiak irritante na casa de Karlanar, o Bum. Não gosto
deles. Nem do Akiak Bum, nem de Karlanar, nem do forjado. Todos eles têm
intenções duplas. Eles não são para serem confiados.
Karlanar
diz que talvez possa arranjar uma entrevista com a Rainha. Talvez, ele pontuou.
Mas quer em troca a arma de Raagras. Eu falei para ele que falar com a rainha
não era uma barganha, mas uma questão de necessidade. Ele quer a arma. Por mim,
nunca a terá.
Vou
fazer uma exceção hoje. Vou tomar esta cheirosa cerveja que o Lorde Xeloksar me
comprou. Faz tempo que não bebo.
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on terça-feira, julho 28, 2015
at 08:03
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