Sessão
10
Transcrição
do diário de Erika
Mago
19 - 11 4e
Diário,
Não
consigo entender como a cabeça de estas pessoas trabalha. Quais são seus
valores, quais são seus objetivos. Eles são cínicos e hipócritas. E eles
admitem isto e glorificam sob as bandeiras da honestidade. Mas em ultima
instancia ainda são cínicos.
É
muito fácil e cômodo mandar outros a fazerem os sacrifícios. “Enquanto que não
for comigo nem com os meus, sejam sacrificados”. Como se de alguma forma
existissem medidas entre as pessoas, quais valem mais e quais valem menos. Como
se as pessoas tivessem preço e fosse possível vender sua existência por um
suposto bem maior.
Justo
Lindriel e Luna, que deveriam ser as primeiras a negarem uma concepção de “bem
maior” ou “menor sacrifico” são as principais vozes argumentando pela criação
dos pálidos. Estes pálidos que não tem coração, que não tem sentimentos, e que
são ofensivos à deusa delas.
É
perturbador como não é a primeira vez que elas decidem ignorar os credos de
Dorana para ficar comodamente nas sombras.
Não
admito a possibilidade de você abrir mão de vidas inocentes para criar um
exercito. Tiranos fazem isso: Me traga o próximo sacrifico para que possa protege-los.
Isso é o que a ordem do dragão faz, eles arrancavam a dignidade das pessoas,
parasitavam seu medo. Talvez com eficiência? Sim, talvez. Mas não vale a pena,
em especial quando não é você a fazer o sacrifício. São outros, aqueles, os
outros.
Izack
sabia disso.
Eles
se tornam cada vez mais vazios. Luna, Lindriel, Xeloksar. Cada vez se tornam
menores e mais comuns. Fica a impressão latente que não há nada de
extraordinário no caráter deles, e que são prostitutas e mercenários prestes a
se venderem pelos valores mais convenientes.
Eles
não tem ideais. E falam de salvar o mundo e derrotar os dragões como se isso
não passasse, primeiramente, por salvar a nos mesmos. A Ordem do Dragão pode
muito bem salvar o mundo da sua forma, de seu meio tirânico e parasita. Nos não
somos eles, precisamos ser diferentes. Caso não, porque não simplesmente nos
unimos as hostes dos cavaleiros dos dragões?
O
mundo pode ser salvo. Mas isso não será feito desta forma tão... vil.
Eles
me chamam para liderar, mas quando o faço e tomo uma decisão que eles não
gostam, são os primeiros a se rebelarem. Se serei uma líder para eles somente
quando concordo com as coisas sórdidas e absurdas que eles decidem, então
prefiro seguir meu caminho sozinha. É mais fácil.
Detesto
feiticeiros, cheios de si e de suas certezas, como se o mundo girasse ao redor
deles.
Estou
quase segura que se alguém viesse e dissesse para Luna, Xeloksar e Lindriel que
utilizando magia de sangue poderão salvar o mundo, eles certamente começariam a
abrir veias alheias e sacrificar inocentes!
Não
consigo evitar me sentir frustrada com isto tudo. Queria o Lucian e o Kallenish
e a Val a meu lado, não este bando de criminosos e egoístas. Eu queria uma
cabala poderosa como era a de Izack. É como se estivesse com uma muleta. Uma
cabala defeituosa composta por gente sem ideais ou sem o caráter para defender
eles. Preferem as saídas fáceis e cômodas, mesmo que não sejam as corretas.
Eu
estou mais ciente que qualquer um deles que teremos que sacrificar e abrir mão
de muita coisa para parar Ekaria. Mas esse sacrifico deve ser pessoal, e não
apontar para o outro e dizer “você é o novo tributo!”.
Vou
parar de escrever, tenho que esfriar a cabeça...
***
Mago
20 - 11 4e
Diário,
O
dia de ontem foi estranho. Virei a noite cuidando de pessoas feridas e
desesperadas e nem vi quando o céu amanheceu.
As
vezes não há muito o que fazer. Muitas destas pessoas não sobreviverão. Outras
terão sequelas pelo resto da vida. No final, quando não há mais tratamento que
dar, somente resta restaurar a esperança das pessoas.
A
senhorita Luna, Lorde Xeloksar e Galatea vieram até mim falar de algum tipo de
plano mirabolante que tinham traçado de noite. O bom é que a senhorita Lindriel
foi atrás da cura para as queimaduras mágicas. Eu sabia que ela faria isso.
Feiticeiros se parecem uns aos outros, era só jogar um mistério e um desafio a
frente deles que seguirão o caminho corretamente.
Ocorreu
uma situação triste: um bando de pálidos, acompanhados de claramente abatidos
guardas, vieram a procurar mais virgens para levar. Pegaram uma garota jovem,
bonita, que nem adulta era ainda. Confesso que tive vontade de intervir, de
pegar minha espada e parar tudo isso. Mas de nada adiantaria, além de conseguir
a antipatia daquele que controla os pálidos e da guarda.
Foi
uma visão triste, uma mãe sendo separada da filha. Tenho certeza que isto perturbou
a Galatea mais que a qualquer outro.
Galatea
claramente não estava a fim de estar lá. Talvez estivesse só por obrigação, por
preocupação por sua amiga. Ela não me quer por perto, nem quer falar comigo. Eu
a incomodo.
Bom,
em todo caso fomos falar com o duque Vorar, da mesma família de Danson. Lorde
Xeloksar tinha a impressão de que este poderia nos ajudar a entender mais sobre
a situação, uma vez que um dos pálidos que retiraram a garota do Sol Nascente
era o filho dele, e certamente ele teria colocado seus recursos para investigar
o caso.
Fomos
primeiramente até o banco do duque, mas ele não estava lá, dai fomos para a
casa dele, pois ele tinha mandado chamar o Lorde Xeloksar. Me perguntaram se
sou nobre.
Não
sou, mas tenho alguns títulos que me deram. Agora, lembrando, possuo quatro
títulos de nobreza ou similares. Preatora Peregrina em Rosseta, Cavaleira do
Reino em Silverar, cavaleira e marquesa em reinos da terra media. Me ofereceram
outros, mas não aceitei, e estes não tinha como não aceitar. Lamentavelmente eu
perdi os papeis que os acompanhavam, também perdi minhas medalhas, que foram
derretidas pelos dragões.
Sinceramente,
não gosto destes títulos. Eu não me sinto mais nobre, mais importante. Eu não
faço o que faço para conseguir fama. Confesso que eu gosto de ser reconhecida,
mas não é por isso que eu tento ajudar as pessoas. É a coisa correta a se
fazer. Ser nobre é conveniente em muitos casos, mas ele te afasta do que é
importante, que são as pessoas comuns.
Enfim,
conhecemos o duque. Confesso que gostei mais dele do que da maioria dos Thaars:
ele parece saber o que estava fazendo, e não estava lá pela pomposidade. Ele
tinha um problema e foi honesto conosco. Gostei disto.
Chega
a ser engraçado como os poderosos se dão o prazer de serem honestos, uma vez
que sabem que nada lhes acontecerá pelas suas opiniões. Xingam e insultam a
vontade. Apesar disto, é perturbador a falta de noção deste homem. Ele nos
insulta, e logo pede um favor. É claro que para o Lorde Xeloksar não é um
favor. Seja por motivos de estirpe ou pelas conexões com o crime, o Lorde
Xeloksar vai ter que cumprir o que foi pedido, sob risco da vingança decorrente
da insubordinação.
Em
fim, ele não sabia que o filho dele estava palidizado. Palificado. Palidozado.
Transformado em Palido! E ninguém se dignou a fala-lhe, e certamente outros,
como nós, sabíamos. Triste. Em todo caso, ele nos encomendou que achássemos seu
filho, vivo ou morto, e que expulsaremos o mascarado.
Nos
ofereceu recompensas. Eu acho que, mesmo desse jeito thaar, ele daria um
excelente vice rei. Pelo menos ele detém a voz de comando e respeito que falta
a diversos governantes. Só temo pela falta de empatia com aqueles que estão
abaixo seu, mas isso parece ser um trejeito comum entre os thaars.
Em
fim. Aceitamos a missão e fomos procurar o vice rei. A senhorita barda Keira
tinha me comentado que o vice rei agora morava no bordel. Na casa da madame
Milei. Eu lembro vagamente do lugar. Em todo caso, não entrei. Nem Galatea.
Eu
não entrei porque o local era ofensivo. Como se não existisse feridos, dor e
sofrimento aqui fora, quem tem dinheiro decide ficar se saciando em prazeres
que não condizem com o estado que está o mundo e mesmo hamask. Bordeis são como
uma grande e agradável venda que nada mais faz que tampar os olhos dos seus
fregueses ao mundo.
Eu
não me permito isso. Não posso.
Galatea
também não entrou. Parece que os vestidos elegantes de Hamask não lhe caiam
bem. Ela é uma mulher forte e bonita, e certamente muitas vestimentas lhe caem
bem, mas não estas dos thaar. E certamente nada Orokul, não combina com ela!
Eles
passaram bom tempo lá dentro e saíram com expressões preocupadas ou
arrependidas de terem saído. A senhorita Luna conta que foram bem recebidos
porque ela era uma sacerdotisa da imperdoável e lorde xeloksar era um freguês
do lugar. Convenceram a madame a lhes permitir falar com o vice-rei o qual
estava com uma protituta Akiak, a qual a Luna estava certamente preocupada.
Eu
imagino que luna tem mais empatia com prostutas porque de alguma forma ela se
vê espelhada nelas, ou vê pessoas que ela gosta. Em todo caso, é bom ver que
ela possui empatia, mesmo que seletiva. Diversos sacerdotes da imperdoável que
conheci orgulham-se de voltar-se somente a seus desejos, e de não importar-se
com os demais. Ou somente importar-se com aqueles poucos que lhes acompanham e
que lhes servem, como Lindriel.
Em
todo caso, eles contam que o vice-rei é um... er... a expressão que falaram era
algo entre bunda mole e bundão. Tinha algo a ver com bunda. Ele repete
discursos decorados e está feliz em deixar que outras pessoas façam seu
serviço.
Finalmente,
Luna informa que um dos homens do Raziel estavam lá. Não faço ideia quem é este
Raziel. Não sei até que ponto me importa quem ele seja. As senhorias Luna e
Lindriel certamente não gostam dele e pelo que entendi ele é um sacerdote e
assassino da mãe negra. Em todo caso, minhas companheiras o temem. Isso já e
motivo suficiente para coloca-lo como um inimigo.
Como
tudo apontava ao mascarado, fui atrás do Ser Marduk para me informar melhor.
Fazia tempo que não via ele, e foi muito agradável ver que esta tão vivo e
integro como me lembrava dele. Embora seja verdade que muitos thaars costumam
ajudar a perpetuação do preconceito que se tem contra eles, como o Lorde
Xeloksar e o Duque, os Cavaleiros do Corno são exatamente o oposto.
Dificilmente se encontrarão cavaleiros mais dedicados e íntegros que eles.
Ele
comenta para nos que o dragão era uma dragonesa e nos fala o nome dela, o qual
não me lembro. Dracrônico. Ele comenta ainda que não podem fazer nada contra o
mascarado e que eles estão cientes da maldição que tinha junto ao sopro dracrônico,
já que os cavaleiros do corno afetados morreram por este mal.
Foi
meio constrangedor ter que explicar para os outros que tenho amigos. Claro que
eu tenho! E vários! Porque eles acham que eu não tenho amigos? Eu só não ando
com eles por razões obvias: as pessoas morrem ao meu redor.
Em
fim, encontramos a senhorita Lindriel na mansão do Senhor Xeloksar e ela nos
informou que diversos outros arcanistas
da cidade sentiram a flutuação negra e ela comenta que esta é mais forte no
centro da cidade, perto do templo do radiante, onde está o mascarado.
O
mascarado ou algum feiticeiro aliado seu está deliberadamente enfraquecendo o
véu para permitir um maior poder mágico. Com isto, também arrisca que pessoas
sensíveis destreinadas sejam alvo de demônios. É uma figura sinistra.
A
senhorita qesir também me informa que conseguiu uma forma de parar a maldição
do sopro, o que vai salvar diversas pessoas!
Discutimos
então o plano de ação. Lamentavelmente, meus companheiros não conseguiram
entender meu ponto de vista, e certamente não estão propensos a entende-lo.
Novamente, e de forma lamentável, escolhemos o caminho mais fácil e decidimos
negociar com o mascarado: teríamos os amigos de Galatea de volta e uma passagem
segura para fora da cidade, e deixaríamos ele em paz.
De
certa forma me alegra que Galatea tenha se oposto a este plano, mesmo que
perdemos o debate.
Em
fim, fomos até onde estava o mascarado, no antigo templo do Solar, e o véu era
obviamente fino lá. Entramos sem muita dificuldade e encontramos o mascarado no
meio de um ritual, acompanhado por cinco pálidos. Muitas das pessoas
sequestradas estavam nas paredes, acorrentadas.
O
mascarado se surpreende comigo, e diz conhecer minha fama de “destruidora”. Ele
sabia que eu iria atrás dele, mas não esperava que quisesse conversar. Nem eu.
Ele
aceita nosso trato, e sem muito tempo a perder, levamos os dois enamorados
thaars para longe de lá. Eu ainda vou ver este homem de volta, em algum ponto.
Ele é claramente mau. Ele claramente não está se importando com o que Hamask
passa. Ele não se importa com os thaars.
Lindriel
parece ter percebido isso. Esse homem era um qesir, e estava fazendo alguma
coisa com as almas dos qesires que pareciam existir junto com ele. Transformando
jovens inocentes em veículos para tirar os espíritos da não existência.
Não
era por Hamask. Nunca foi. E uma vez que ele finalize seu trabalho macabro, irá
embora. Espero que Luna, que Xeloksar, que Lindriel entendam isso.
Galatea
os casou. E decidimos enviá-los a Elhedond, onde poderão montar uma nova vida
longe de uma terra condenada como é esta cidade, lamentavelmente.
Todavia,
decidimos ficar. Na verdade, o Lorde Xeloksar decidiu ficar em sua cidade, pois
o Duque tinha dado uma missão para ele, e se ele não desse um jeito de cumprir,
os seus sofreriam. Eu não poderia deixar Xeloksar neste estado e fiquei para
ajuda-lo, assim como ficaram todos os demais, apesar dos protestos de Luna,
certamente temerosa do Raziel.
***
Carta de Galatea endereçada à “Mathias”
“E
aí gato, como vai essa força?
Hamask
está pegando fogo, não sei se as notícias chegaram até aí. Não literalmente. A
cidade foi atacada por um dragão, ou dragoa, do tipo bem grande e bem antigo, que
você deve virar as costas e sair correndo. Estou bem porém, cheguei depois
disso. A cidade está um caos. Ou ainda, não está um caos. Está morta. Lembra-se
das ruas sujas de Hamask, oportunidades, ladrões, chifrudinhos correndo ao lado
de humanos como se fosse uma espécie só? O Sangue de Dragão e o Cavalo Negro no
Tufo do Javali e na Sol Nascente? Não há mais nada disso.
Não,
a cidade está quieta. As minas de carvão queimaram, e a coisa alastrou-se.
Soube que muitos morreram lá. E muitos mais morreram no ataque. Eu tive o
terror de visitar o centro, gato. Não foi legal. O chão, as paredes, tudo...
derretido. E não digo queimado; o centro tem muita pedra. Derretido. Como se a
pedra tivesse amolecido como argila mole antes de esfriar de novo. Eu nunca
tinha visto os resultados do ataque de um Alto Dragão antes. É, um daqueles que
dormem mais de cem anos por vez, um dragão em fase reprodutiva. Acho que ninguém
tinha visto.
Iridia
está bem. Não estava. Algum feiticeiro louco mascarado fez um plano com aquele
traste careca do vice-rei, fechou a cidade e pegou jovens virgens pra fazer
algum ritual. Ele os... eu não sei gato... ele... fez algum ritual negro,
feitiçaria pesada fiquei sabendo. O mascarado os transformou em monstros...
zumbis pálidos e gelados que obedeciam suas regras, como se fossem fantasmas
mas de carne e osso. Todos jovens, bonitos, todos virgens e puros aos olhos da
Mãe. Não foi bonito.
Eu
dizia, Iridia tinha sido levada. Ela e aquele noivo dela. Por serem virgens. E
eles iriam se casar em alguns dias. O dragão veio e destruiu tudo, seus sonhos,
sua vida, seu negócio. E então foram levados para virarem... coisas.
Conseguimos negociar com o mascarado; ele aceitou deixá-los ir embora limpos se
a gente não atrapalhasse seus planos. O chefe dela, um casanova tal de Chelocsar
(não sei se é assim) lhes deu um bom dinheiro e foram mandados pra Elhedond pra
começarem uma vida nova lá.
Eles
não iriam conseguir entrar na cidade. Deve ter uma pilha de refugiados na Cidade
Externa, talvez até no campo né? Elhedond nunca acolheria tanta gente. Mas uma
tal de Luna, uma gatinha pálida que acontece de ser uma pessoa importante lá,
uma mercante, vai acolher ela debaixo de suas asas, sabe como é. Ela estava
andando com esse lorde Chelocsar. E também com Erika.
É,
A Erika. AQUELA Erika.
Eu
te conto mais cara a cara, mas basta dizer que ela está exatamente o que eu
esperava. Arrogante, superior, considerando-se dona da verdade. Mas também
fraca. Eu deveria odiar a mulher; tudo o que ela fez, tudo o que eu passei, mas
tu sabe gato, não é meu forte odiar. Eu posso explodir, e você sabe que eu
adoro culpar meu meio-sangue por isso, mas ódio duro, frio, gélido, olhando pra
pessoa... isso eu não consigo. Claro que ela não foi decente ao ponto de me
ouvir também.
Mas
ela está em seu inferno astral.
Parece
um fantasma. Sabe as histórias? A beldade clara e rosada do norte, em sua
armadura negra trazendo paz e esperança? Ela é uma mulher tanto como eu ou tua
Diana; e ainda menos, ela tem muita fama e por isso é um alvo. Eu sei que algumas
pessoas sentirão minha falta quando minha sorte finalmente acabar, mas eu não
sou um ALVO também. E ela não é uma múmia, ou um fantasma, ou alguma coisa que volta
da tumba. É só uma mulher. Banal. POW, acabou.
Como
dizia Elendror, “tá o pó”. É triste de ver. Ela tem algumas cicatrizes e queimaduras
recentes. Está magra. Mal-nutrida; parece uma guarda de vila, ficando de pé
dentro da armadura por pura teimosia, sabe? As bochechas chupadas, suja. Ela
gosta de dizer pra si mesma que é terrena, que é simples, que não quer ter o que
os outros não tem. Mas tu é assim? Eu ao menos não sabia que era. Tuas túnicas
são simples mas estão limpas, tua esposa lhe penteia e passa óleo em teus
cabelos.
Pela
Mãe, eu não esperava uma Dheiana, mas será que ela ignorou tudo que minha mamãe
ensinou? Ela faz tudo ao contrário; de um lado é uma ofensa aos olhos,
claramente em seu pior e fazendo com que todos se sintam mal pelo seu estado;
por outro essa arrogância de ser moralmente superior do que você por que você
decidiu usar um maldito SABÃO. Distante. Inalcançável. EXATAMENTE como a tal de
Cibele dizia.
Mas
por outro lado gato... por outro lado ela parece mal. Mal mesmo. Os amiguinhos
dela, e Dheia me perdoe eu tenho a impressão que ela achou eles em algum buraco
ou algo assim, parecem como cavalos que decidem ignorar, talvez não tenham
interesse em ter filhos; ou talvez eles sejam pessoas bem-resolvidas que sabem
ver a beleza em cada coisa, não sei. Talvez seja isso, sabe. Mas eles a
ignoram, e dá pra ver que ela odeia isso. Digo, eles me ajudaram e não vou
falar mal, mas... mas eles são meio egoístas, sabe? Não são “heróis”, na
verdade parecem ser bem falhos. Eu lhe contarei melhor quando nos vermos gato.
Por
hora basta dizer que... que eu não sei. Parece que ela está apenas se
arrastando e isso é tudo o que sobrou que aceita estar perto dela e é capaz de
suportá-la. Juntando tudo isso. Sério nem mesmo que o Devorador me motivasse eu
não conseguiria odiar alguém nesse estado. Não a fundo.
Estou
mandando essa carta por Iridia. Irei ficar mais alguns dias aqui ainda. O tal
Chelocsar acha que a máfia (claro, Hamask, tinha que ter máfia) vai fazer algo
com seus conhecidos, e tipo, ele me ajudou, não posso simplesmente virar o
traseiro e dar o pé daqui. Eu acho que ele quer que role alguma coisa, ou está
fazendo um papel. Mas o que importa é que eu não deixo de pagar meus favores
né.
E
eu acho no fundo que talvez eu consiga libertar de alguma forma o resto dessas
crianças. Pro inferno o que eles querem ou acham que é certo; a história mostra
que essas pessoas com ambiguidade moral acabam se dando mal mesmo. Já temos
crianças natimortas, não precisamos pegar as que já estão vivas e transformar
em monstros. Por Dheia como eu agradeço que vocês tiveram seus filhos antes
dessa coisa toda.
Dê
um trato em Diana por mim heim gatão.
Sempre em frente, um passo de Orokul por vez;
Galatea Del
Castreani”
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on sexta-feira, setembro 25, 2015
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