BL - Diário de Erika 12  

Posted by Bastet in



Sessão 12

Trecho do diário surrado de Erika

Diário,

Não sei como explicar o que sinto. Uma espécie de excitação, ou uma espécie de preocupação, eu não sei, mas é algo que não sinto faz bastante tempo. Sabe... As coisas mudaram para mim, de forma rápida.

Nas ultimas semanas, quiçá nos últimos meses, estou sentindo uma angustia crescente. Em especial após a morte da cabala de Izack, ou da morte do próprio Izack, estou me sentido desprotegido e frágil. Precisamos de um exercito para derrotar Sertrous e eu estava com uma meia cabala. Eu agradeço seu esforço, mas eles são... Inadequados.

Agora parece diferente. Agora estou ao lado de alguém que possui um exercito das lendas e que está disposto a lutar por minha causa, se eu lutar pela dele.

Urian, patriarca da ordem do dragão. A alma de um dragão milenar no corpo de um semideus e o comando fiel de um exército de cavaleiros de dragão.

Este Urian me quer a seu lado. De diversas formas. De todas as formas. Ou quase todas.

Não sei o que pensar. Preocupação parece adequada agora. Eu sei, minha mente me diz isso, que Urian me quer porque eu sou conveniente: O povo me conhece, e o povo poderá me seguir. Eu possuo informações que ele não, e possuo a confiança de pessoas com o ímpeto suficiente para enfrentar o mal de Ekaria com a precisão de uma flecha. Algo inadequado para um exército.

Desconfio de suas intenções, e ainda desconfio de seus métodos. Não é possível medir sua visão pela de outros homens, ele é bem mais que isso... Inumano? Divino? Não posso parar de pensar na espada que a senhorita Emyl e os outros foram procurar: uma anátema para o sagrado, para o diacrônico, e para o mortal. Urian pode ser exatamente isso, ou o contrario disso: Divino, Dracrônico, Humano.

Mas por outro lado... Por outro lado ele me ofereceu algo que ninguém antes tinha. Já diversas vezes reis e rainhas me ofereceram o comando de exércitos, ou a mão de seus mais garbosos filhos ou suas mais belas filhas. Todas às vezes eu recusei, todas às vezes eu me neguei a parar, a me entregar para uma vida... Comum.

Urian, ou qualquer que seja seu nome, me ofereceu não só um exército, não só um reino ou muitos. Ele me ofereceu... Uma história. Sei que pode parecer arrogante, mas eu fiquei... Eu gostei da ideia... De uma linhagem. Minha. Algo que durasse para sempre.

Eternidade é uma ilusão. Será mesmo?

Em fim. Acho que melhor contar como cheguei aqui.

Bom, faz mais ou menos cinco dias atrás, quando escrevi o ultimo diário, estava sentada sobre as ruinas de uma Hamask derrotada. Não. Uma Hamask traída.

Não havia tempo para ódio porém. Lorde Xeloksar estava profundamente ferido, e uma vez que o furor abandonou seu corpo, ele cambaleou e sentiu as queimaduras. Marcas graves, e terríveis. Homens menores teriam morrido por esta punição.

Fiz o melhor que pude, dei a ele remédios e tentei aliviar sua dor, mas o sopro de Aurora Vermelha era amaldiçoado. A senhorita Lindriel tinha trabalhado em uma cura, como eu sabia que ela faria, e tinha descoberto algo. Todavia, ela não era uma conjuradora boa para tal ação e foi preciso que fosse procurar o líder dos Valaryns Valarinn.

Os demais ficaram na casa de Lorde Xeloksar. Senhorita Luna estava intoxicada pelos fumos da Sol Nascente, e mesmo com sua insistência em dizer que estava bem, ela claramente não o estava: seus olhos a denunciavam, sua pele, normalmente branca, estava levemente esverdeada. Fadiga e uma leve intoxicação, eu diria. Senhorita Lindriel também ficou. Pedi a ela para codificar o feitiço, a fim de facilitar sua conjuração.

Galatea estava ferida, e Lorde Xeloksar parecia mais animado perto dela.

Em fim, demorei um pouco mais achei o líder dos Valarinn. Ele tinha um titulo que eu não lembro. Palavras que eles inventam... Ele era um grande místico, e quando voltei a mansão de Lorde Xeloksar, a senhorita Lindriel já estava com o feitiço pronto. Ela não ficou contente de ter que ir. Não sei porque. Talvez ela não goste de Valaryns Valarin. Valarinn!

Em fim. Foram três longas horas de espera com diversos Valaryns conjurando com a senhorita Lindriel. Valaruns. Valarynn! Droga de nome. Em fim. Foram longas horas em que nada de interessante aconteceu. Exceto uma hora que o Lorde Xeloksar começou a tremer e convulsionar. Eu sabia que se interferisse no ritual ele não estaria completo, mas desejei que ele não fosse possesso. Não sei se ele sobreviveria a um exorcismo no estado de saúde dele.

Lorde Xeloksar ficou desacordado e levamo-lo até sua mansão. Lá ele acordou e nos falou de um sonho que teve em que viu uma cidade em chamas, uma mistura de Hamask com uma ruina élfica. Destruída pelas chamas de Aurora Escarlate. Ele conta de um vale de flores secas e queimadas e uma figura que cuidava delas de forma consternada. Ele acredita que seja o Sem Rosto.

Faria sentido. Há uma conexão entre o fogo maldito de Aurora Escarlate e o sem rosto. Lorde Xeloksar vislumbrou estas ideias que pairam no ar como fumaça no véu. Vivas, mas sem futuro.

Eles se surpreendem com eu conhecer o véu. Eu conheço o véu mais do que queria. O sol no céu distante como o olho de um tirano, sempre observando, imóvel. E os pássaros. Obscenos, errados. Eu fiquei tempo demais por lá. E de lá onde vários dos meus pesadelos vem.

Enquanto Lorde Xeloksar, senhorita Luna e senhorita Lindriel dormiam, Galatea ficou acordada, cuidado dos ferimentos do Lorde Xeloksar. Eu fiquei acordada. Não quero dormir.

Ela me enche as paciências e fica acordada.

No dia seguinte eu fui visitar o líder dos Valaryns. Queria perguntar sobre Mirani. Mais uma vez as pessoas ficaram maravilhadas com a história, fizeram diversas hipóteses, mas nenhuma me auxiliou. Parece que sou a única que lembra que ela existiu, e que ela sumiu no véu.

Quando voltei, Galatea já tinha ido embora. Não sei se agradeço ou não. Eu... queria me despedir dela. Sei que não foi o melhor dos encontros, mas ela é a ultima coisa que restou de Raquel no mundo.

De certa forma me sinto traindo a Raquel ao não conseguir me dar bem com sua filha.

A presença de Galatea me feriu muito. Me lembrou como estou distante de Raquel, como estou sozinha desde que ela morreu. E me fere como ela age como se tivesse sido minha culpa a ausência. Eu não queria levar a tempestade da minha vida para ela.

Decidimos viajar para ver a ordem do dragão, e Lorde Xeloksar veio conosco, apesar dos meus avisos de que ele poderia não sobreviver. Ele contou alguma coisa de que uma vez foi ferido por um Deviante Xeloksariano que mastigou o braço dele, mas mesmo assim ele continuou a se aventurar no vale dos pigmeus dakhani ou algo assim. Sei.

Dois cavaleiros do dragão também vieram conosco. Senhorita Luna e Senhorita Lindriel me perguntaram se elas deviam ir. Elas, mais que ninguém, deixaram muito claro que não sou eu que as ordeno. Elas vieram.

Em fim, foi uma viagem longa. O interior de Hamask é bem bonito nesta época do ano, apesar de que sempre tinha a impressão de que havia corrompidos nos cantos escuros. Deve ter sido a impressão das terríveis histórias dos diabos que tanto nos contaram.

Passamos por uma caravana de Akiaks num dos dias. Dormimos bem e Xeloksar conseguiu recuperar suas forças para outros dias de viagem. No meio da estrada fomos atacados por um bando de caça de Drakes. Se estivéssemos sem os cavaleiros do dragão, teria sido terrível, mas conseguimos superá-los por pouco. 7 ou 8 predadores maiores que cavalos, e venenosos.

Um dos nossos cavaleiros do dragão ficou ferido no ataque. O homem mais que o dragão, mas o dragão morria junto. A ligação que compartilham é profunda... Como se fossem um só ser.

Cruzamos também com um vendedor de chapéus. Um deles era um chapéu que parecia uma toquinha de urso, só que um urso preto e branco. Ele disse que era a representação de uma criatura gentil e sabia do outro lado do mar. Eu não acredito em ursos pretos com brancos. Em especial quando disse que alguns deles costumam aprender artes marciais e beber bastante. Se bem que ninguém acredita nos mamutes pelados de Rosseta também...

Também, parece que a senhorita Luna e a Senhorita Lindriel passaram um mal bocado com o ataque do dragão. As duas compartilham uma ligação. Não tão direta como os dos cavaleiros e seus drakes, mas tão profunda quanto. Ora uma é a mestra, uma é exigente e perfeccionista, e logo é a outra. Uma com as artes do corpo, a outra com as artes da mente.

É difícil saber se foi a senhorita Luna quem adotou a senhorita Lindriel ou foi o contrário. Antes, as duas estavam em dissonância, agora estão em concordância. O Lucian ficaria feliz, se bem que se ele estivesse aqui provavelmente elas não estariam bem.

Em fim, depois de uma longa viagem chegamos por fim a um enorme acampamento a menos de uma semana de Hamask. Uma das torres dos cavaleiros do Corno tinha sido tomada, e perto dela, em uma colina, diversas tendas foram montados.
Fazia anos que não via uma campanha como esta. A ultima vez foi em Rosseta, quando metade de uma legião marchou floresta a dentro para apagar a fornalha da chama dourada e evitar o ressurgimento dos reis de marfim. Parece tão distante aquela campanha desta.

Soldados de olhos amarelos ao igual que drakes, se movendo como um. Homens e dragões em uma sinergia que chega a ser perturbadora. Já tinha visto drakes treinados antes, mas jamais deste tipo.

Fomos levados sem demora até o líder da ordem dos dragões, o patriarca.

Lá conheci Urian. Meio homem, meio dragão.

Ele fala para nos de certezas, de uma vitória necessária e sofrida que determinará o futuro dos humanoides. Ele nos conta sobre como foi criado: um experimento de Dragdar que se voltou contra o dragão, que em sua luxuria arrancou a humanidade de um dos filhos da guerra. E disso, se nasceu esta criatura. A mente e memórias de um dragão milenar e o corpo de um semideus guerreiro.

Ele nos fala que é através das magias que ele conheceu através de sua ligação lembrar conhecer ter sido COM Dragdar foi o que lhe permitiu criar a Ordem do Dragão. Ele diz que ele pode passar este dom a seus filhos, e que eles serão imunes ao sopro dos dragões e da maldição de Ekaria.

Urian nos fala que o plano dos Daexir é castrar os humanoides. Vence-los em batalha se provou difícil demais, então eles planejam simplesmente esteriliza-los. As crianças nascerão sem alma. Mas ele afirma que ele e os seus serão imunes.

Ele diz então que para sobreviver, será preciso que hajam sacríficos. Reinos terão que cair para que a maioria possa ser salvo. E se parar os Daexir não for possível, então os filhos dele herdarão o mundo.

E me faz uma proposta: Ele quer minha mão, quer que me torne sua matriarca. Nossos filhos, diz ele, serão os lideres deste mundo; os filhos dele com outras serão os súditos. A linhagem do líder da Ordem do Dragão e de Erika, o Sol da Meia Noite. Nosso filho, diz ele, será um deus. Ele garantirá isso.

Confesso que várias coisas que ele fala me peturbam, mas não consigo parar de lhe achar razão. É verdade que os reinos dos homens estão podres. Hamask foi dada de presente a um feiticeiro negro em troca de comodidade. Khain é liderada por uma tirana que prefere pensar em política que no mundo abaixo dela, e acima dela. Irritária é tão presunçosa que não consegue ver que não é capaz de derrotar os dragões sozinha.

Eu fiz isso em Hamask: deixar os feridos para traz, escolher entre os que salvarei e os que não. É o mesmo o mundo. Cada nação é como se fosse um homem atacado por uma doença. Só podem ser salvos aqueles que estão melhores, cuja doença não avançou o suficiente.

E mais que isto. O destino, de uma forma ou outra, me coloca no caminho dos filhos de Halmir. Garred e Edgar. Agora Urian.

O que acontecerá com as outras raças se não lograrmos vencer os Daexir, não o sei. Mas em todo caso, qualquer futuro, mesmo que imperfeito, será melhor que nenhum.

Eu estou cansada.

Estou cansada de ser frágil. De ser quase morta em todos meus embates, de olhar os poderosos abusarem de seus poderes e ser tão fraca, eu sozinha, para enfrentar derrubar Rossalias e Vice reis, e trazer mais paz a seu povo.

Eu estou cansada de ser fraca. Estou cansada de andar suja, com fome, com sono. Eu fui até a terra, até o chão, e aprendi o que tinha que aprender. Eu preciso ser mais.

Eu aceito. Aceito e dou minha mão a Urian.

E na alvorada que está chegando, amanhecerei como a Matriarca da Ordem do Dragão.

Quem diria!


***

Trechos das anotações de Luna



Dorana seja louvada, quantas emoções passamos nos últimos dias.

Imagine, com tantas coisas acontecendo, Hamask ardendo e o idiota do Raziel ousa me ameaçar, maldito seja Anjo Negro, ainda ei de alimentar lampreias com suas tripas.

Foi bastante brutal me sentir tão impotente, havia anos, acho que desde que derrotei Raziel, que não me sentia tão fraca. A sol nascente ardia e eu não era capaz de subir numa corda, inútil como o mais tosco dos plebeus cegos na estalagem, ao menos depois da ajuda de Érika pude fazer alguma coisa, se tivesse entrado antes quantos mais teria salvo?

Não choro diante dos que acompanho, seria feio, desonesto e contrário a Insaciavel, mas choro aqui, escondida e quieta, agradeço a Mãe Negra pelos olhos açoitados pela fumaça, todos acham que sua vermelhidão vem do fogo, e não das lágrimas, afinal lágrimas vem do coração – eu não tenho mais um coração.


Xelos foi amaldiçoado com o baforado maldito de Aurora Escarlate, Érika puxou uns tapetes e arregaçou as mangas, levou Lin ao encontro de um místico valaryn; lin é boa, vai conseguir fazer o feitiço. Eu como não sou exatamente uma arcanista brilhante fui relegada ao papel de babá da Galatea. Até que ela é bem bacana pra uma dheiana sabe? Ela afinal não tem culpa de não entender que amor é apenas mais um dos sentimentos, não superior, não sublime, apenas mais um, isso não é maldade é limitação.

Dei à menina uma carta de apresentação ao Rosa, ela vai lá procurar os pombinhos apaixonados e gordamente apadrinhados, espero pela glória da Insaciavel que estejam conhecendo um ao outro em todas as formas de prazer. Depois dos pálidos sei que prefiro um mundo de meretrizes, antes só achava que preferia.


Minto pra mim mesma que não estou preocupada, tenho medo de tudo:

Deviamos ter incentivado a tomada da cidade pela Ordem do Dragão?

Deviamos ter feito aquilo com os Cavaleiros do Corno?

A Ordem do Dragão tomará Irritarria?

Mal sei onde piso, temo pelos que amo, temo por aquilo que tenho, temo pelo nosso futuro. Eu tenho um futuro?


Érika teve de ir ao encontro do general da Ordem do Dragão, e nós fomos juntos, dois cavaleiros dragões foram nossa escolta, passamos por mals bocados e bons também. Dorana seja consagrada, eu conversei com um espirito; quer dizer eu respondi um espirito. Ele era curioso, quis barganhar conosco, respondíamos algumas curiosidades e depois ele nos deixava seguir. Nada de ataques, nada de possessões, ele simplesmente era fantástico, fascinante, curioso como uma criança, feio como um corrompido e movia-se como um gato; não tive medo dele, deveria ter? não encontrei motivos pra isso, queria falar com ele durante toda a noite, mas não deixaram, apenas deixaram Lin fazer isso...que pena.


Puta que pariu, não imaginaria algo tão intenso nem fodendo com 100 raksha!!!

A Érika vai casar com um espectro de Dragdar que habita o corpo de uma cria perfeita do Senhor da Guerra e até onde entendi é a única esperança da sobrevivência da humanidade. Lindriel que me perdoe, eu sei que ela não gosta que eu beba, mas preciso desesperadamente entornar uma garrafa envelhecida.

Louvada seja Dorana.

This entry was posted on terça-feira, outubro 06, 2015 at 22:39 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

0 comentários

Postar um comentário