Sessão
18
Rainha
07 - 11 4e
Diário,
A batalha terminou e os Orokul sobreviventes foram presos. Descobri que eles seriam usados como... “combustível” para o portal sombrio destes alarani. Não sei se foi a decisão correta ajudar eles. Mas estamos ficando sem tempo, e não tem mais espaço para duvidas.
A batalha terminou e os Orokul sobreviventes foram presos. Descobri que eles seriam usados como... “combustível” para o portal sombrio destes alarani. Não sei se foi a decisão correta ajudar eles. Mas estamos ficando sem tempo, e não tem mais espaço para duvidas.
Costumava
acreditar que os meios eram tão importante quanto os fins. Costumava criticar
izack nisso, dizia-lhe que por vezes demais os fins justificavam os meios e que
o dano feito no caminho terminaria por nos tornar tão ruins como aquilo que
combatíamos.
Olho
para trás e para o que faço hoje. As vezes os fins justificam os meios. Mas
isso não me torna menos cumplice das atrocidades que perpetuamos contra os
Orokul.
Tentei
avisar a Rainha do Fogo: haverá volta. Ela os subestima. Sempre os subestimou e
seu povo irá pagar por isso eventualmente. Eu irei.
Todos
nos, talvez com exceção da Lavínia, estamos de luto pela Annika. Em especial o
Volksar. Ele veio até mim, e perguntou porque eu a levei ao combate. Mas sempre
caímos no mesmo ponto: Quando eu ordeno as pessoas fazerem coisas, criticam-me
de tirania e me desafiam na primeira oportunidade. Quando não o faço, quando
dou a escolha de cada um, criticam-me por não ordenar.
Já
passei por isso vezes demais e mesmo sabendo que Volksar está triste, não
permito mais este tipo de críticas. Ele tem razão em parte: Annika era uma
estudiosa e sábia. Uma estrategista, não uma guerreira. Ela deveria ter ficado
atrás. Mas se ela não tivesse ido, não teríamos conseguido derrotar os orokul.
Todos
lamentamos sua morte, e todos nós, especialmente Lavínia, sofremos com as
consequências de nossa escolha. Da minha escolha. Eu não me escondo delas.
***
Rainha
11 - 11 4e
Diário,
A
Senhora do Fogo foi trazida até estas ruinas. Muitos Alarani foram mortos, mas
eles nos afirmam que mais virão agora que é possível assegurar os portais
sombrios. Ela irá nos receber nos próximos dias. Por enquanto, ficamos aqui
curando de nossas feridas.
Continuo
a ter pesadelos. Pesadelos realistas e táteis. Pensei que iria me acostumar a
eles, mas não. Cada noite é mais uma terrível experiência. Faz tanto tempo que
já esqueci que é dormir bem.
***
Rainha
14 - 11 4e
Diário,
Fomo
chamados à presença da senhora do fogo. E muito pelo contrário do que
acontecera da última vez, não precisamos da pompa ritualística. Desta vez
sabíamos do nossos dever de deferir a ela.
A
senhorita Lavínia está mal ainda. Ela perdera o braço no combate com os orokuls,
e com isso muito sangue. Eu também não estou na melhor das condições, mas não
posso parar para me queixar dos meus ferimentos. Temos coisas a fazer.
Volksar
tem aproveitado para passar mais tempo com o seus, apender mais com eles. Ou
simplesmente me evitar, não o sei. Ele realmente parece nutrir magoa do que fiz
e deixei de fazer, especialmente com a Annika. Eu também sinto raiva de mim
mesma. Sinto falta dela.
Ser
Helgraf e o ser Dominic são os únicos que parecem mais ou menos animados.
Especialmente o último, que aproveitou o seu tempo para aprender mais sobre os
alaranis, certamente com o interesse de futuras negociações entre a Ordem do
Dragão e os Sangue de Fogo.
Ser
Helgraf é um homem quieto e discreto, mas mesmo para mim, que não costumo
perceber esse tipo de coisa, não passa desapercebido a forma com que ele olha
as alaranis. Lavínia brincou que a visão dele só não é curta para um rabo de
saia.
Fomos
recebidos pela Senhora do Fogo Alessar, novamente naquela visagem que nos foi
apresentada. Ela se mostrou muito agradecida, e particularmente interessada no
que estávamos fazendo, agora que o que ela desejava fora cumprida.
Não
acreditei que teríamos motivos para não ser sinceros. Contei o que precisava
saber, exceto sobre as gemas. Eu não sei o que elas são, mas provavelmente uma
criatura como ela estaria interessada até demais no que elas podem fazer.
Em
todo caso, ela nos recebeu bem, e não poupou agradecimentos a nossos feitos.
Claramente, a situação de equilíbrio fora quebrado por nós, e após vários anos
– até anos demais ao que parece para estes alaranis – conseguiram um novo lar.
De
onde eles vem, o que eles são e o que fazem não soubemos, todas as respostas
foram crípticas, ou talvez claras demais para nós, que não conhecemos a
história deste povo.
A
senhora do fogo nos contou segredos, e abriu sua sabedoria nos.
Contou-nos
dos qesires, e nos falou de como era antes de que ela surgisse: um povo
glorioso e hábil, porém tão absorto em sua própria luz que ficaram cegos para
com os demais povos.
Lembro-me
das palavras de um forjado que conheci faz anos: “Uma vida boa sob o domínio de
alguém ainda é uma escravidão. Uma vida de pobreza e sofrimento ainda é melhor
que a riqueza sem liberdade”.
Ela
nos conta como os qesires nascem, e me surpreende como nunca tinha pensado
nisso!
Ela
diz que os qesires não nascem por relações sexuais. Eles não tem... “crianças”.
Os qesires nascem da vontade de um momento, eles surgem de uma grande emoção ou
uma grande vontade.
Assim
eles são espíritos das coisas que existem no mundo, como se fossem expressões
das memorias que ficam gravadas nos cantos da mente coletiva dos humanoides.
As
vezes é fácil esquecer que eles são espíritos. E o quão diferente de nos eles
são.
A
Senhora do Fogo nos fala dos dragões também. Ela nos conta que a magia de
sangue foi originalmente criada por eles. Essa é a magia deles. Ela não soube
dizer de onde os raksha aprenderam a magia deles, mas afiram que mesmo sendo
magia de sangue, não é draconiana.
Ela
conta que em um passado distante, os dragões realmente não se importavam com os
mortais. Mas isso mudou com o nascimento dela, com o que o Sem Escamas fez. Ela
diz que, dentre outras razões, foi a existência de um meio dragão, meio
espirito, que levou os dragões a iniciar uma guerra contra os qesires.
Os
demais povos aproveitaram esta oportunidade e também atacaram as fadas,
acelerando o seu processo de libertação.
A
senhora do fogo fala com certo pesar deste momento, e deixa claro de que,
enquanto debaixo do manto dos quesires, os povos eram mais. Eram maiores,
melhores, o mundo era mais seguro.
Da
guerra contra os dragões seguiu a Guerra dos Corações, quando um grupo de fadas
decidiu abandonar os seus irmãos e se tornar mortal. Estes foram os primeiros
alarani, e ela é a primeira deles.
Ela
deixa mais ou menos claro, que na visão delas os alarani são o reflexo do mundo:
Com os qesires, havia luz, mas a medida que o mundo foi se tornando mais
escuro, assim foram também as fadas, e os alarani são como uma expressão disso.
Finalmente,
ela promete cumprir a sua parte da barganha e nos enviar aonde o sacerdote de
nayurai está.
***
Rainha
15 - 11 4e
Diário,
Descobrimos
que os orokul vencidos foram capturados e seus sangue é utilizado para
alimentar as magias dos alarani, em especial o portal negro. Não sei se isto é
algo bom.
Não
consigo concordar com isto. Eu nunca me importei com magia de sangue. Uma
espada é uma arma que pode ser usada para o bem maior ou para o benefício
próprio.
O
problema neste caso é que os alaranis estão usando esta magia para ajudar o seu
povo, mas para isto estão destruindo pessoas inocentes. Isto não é correto, mas
entendo que tem muita coisa que não entendo.
Estou
sentido que estou me tornando mais indulgente. Estou considerando opções que
antes para mim eram inaceitáveis. Estou me tornando mais cínica, eu acho.
Prefiro
não pensar nos pobres orokuls amarrados, esperando sua vez para morrer em prol
do bem maior de outro povo. Bem maior... agora eu vejo como esse conceito é
algo tão nebuloso.
Me
vem à mente os thaar amarrados nas paredes pelo sem rosto, esperando sua vez
para se tornar um monstro pálido.
As
coisas pareciam mais simples antes, quando os métodos eram claros, e os
caminhos seguros.
Mas
sofrimento gera sofrimento, guerra leva a guerra. Para quebrar este ciclo temos
que agir com mais do que simples coragem e segurança.
***
Rainha
17 - 11 4e
Diário,
De alguma forma, de algum jeito, eles concertaram o braço de Lavinia!
De alguma forma, de algum jeito, eles concertaram o braço de Lavinia!
Não
sei como o fizeram, e provavelmente foi com magia de sangue, mas estes alarani
recolocaram o braço dela de volta ao normal. Isso é surpreendente!
Eu
não sei se a própria Lavínia tem noção do que isto significa!
Tanto
pelo valor do presente que foi lhe dado, ou pelo preço pago por esta regalia.
***
Rainha
20 - 11 4e
Diário,
Partimos
hoje para onde o sacerdote de Nayurai está. A senhora do fogo se despediu de
nos, e pediu-me para lhe apresentar meu filho quando nascesse. Às vezes me
esqueço de que estou gravida. Tirando um e outro incomodo, parece que a vida
continua a mesma.
Eu
não sei o que o ritual que o Urian dirigiu faz. Qual é o objetivo dele. Sei que
foi ruim, e temo pela saúde de meu filho, mas sinceramente, se não fosse por
isso sequer filho teria!
Enfim,
eu ainda estou bastante ferida, e mesmo sob a insistência de ser Helgraf em me
cuidar, não tínhamos esse privilégio de tempo. Os alaranis não possuíam
medicamento apropriado para humanos, e o sangue magico da senhorita Lavinia lhe
permite curar feridas de forma muito mais rápida.
O
local em que vamos fica muito adentro no coração de Voltar, em uma região que é
considerada sagrada para orokuls. Os Alarnis nos advertem que o véu no local é
muito fino, e espíritos tem livre transito naquele lugar, considerado maldito
por alguns.
Isso
não pode nos deter. Tenho a impressão de que o sacerdote corre grande risco.
***
Ladrão
02 - 11 4e
Diário,
A
viagem tem sido excessivamente dura. Faz 2 dias que nos separamos de nossos
guias e avançamos pela região pantanosa. Wisps e aparições de além do véu
pairam o local. Não é seguro.
Uma
delas inclusive chegou a me atacar. Deveria me manter mais forte, mais estoica.
Eu sei disso. Mas não consigo evitar.
Eu
sei que estou chateada, estou cansada e triste. Os espíritos são atraídos por
estes sentimentos negativos que me expõem. Não consigo evitar.
Era
um espirito de fogo, e deixou-me algumas queimaduras feias. Fogo. Faz meses,
sempre fogo. Todas as noites, todos os pesadelos que tenho são sempre chamas.
A
viagem esta sendo penosa, nos movemos com a máxima velocidade que conseguimos,
Lavinia é boa nisso. Helgraf e Dominic parecem preocupados, e Volksar estoico
como sempre.
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on segunda-feira, fevereiro 22, 2016
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