Sessão
30
Rainha
13, 14 4e
Diário,
Enquanto
esperava que a Cibele viesse até Hamask, sinto este gosto amargo na garganta.
Esta sensação de estar vencida, paralisada, amordaçada.
Eu
tenho raiva do Urian por diversas coisas, mas não posso deixar de sentir por
ele uma certa admiração, algo similar ao que sentia por Izack, eu acho. Esta
vontade inabalável que faz os grandes planos tomarem força e consistência.
Mesmo
assim, estou me sentido mal e isso é perceptível. Acho que sequer faço mais
questão de esconder. Não depois do que vi Elithinen fazer, não depois de ver os
tipos de ferramentas que os grandes planos de Urian usam.
Passei
muito tempo hoje com meus filhos. Nunca imaginei que amaria alguém tanto, que
sentiria tanto orgulho por duas crianças quanto sinto por elas. Cada barulhinho
que fazem, cada gracinha, parece que meu coração vai explodir de alegria.
Mas
da mesma forma, estou apreensiva. Eu gostaria de acreditar realmente que Urian
não tem... “Grandes Planos” para nossos filhos, mas é difícil me convencer
disso. E mesmo que ele não tivesse, o que seria sincero da parte dele, e
acredito que seja o que de fato é, eu não queria me separar deles.
Que
tipo de futuro eles terão? O Patriarca diz que eles serão grandes. Também acho.
Só espero que possa colocar algo mais de mim neles, pelo menos algum senso de
lealdade, de justiça e de bondade.
--
Rainha
21, 14 4e
Diário,
Trouxeram
a Cibele para Hamask. E é ela, a verdadeira Cibele! Eu sei disso, eu sei pelo
olhar dele, estes olhos cheios de vida, que mesmo vindos de um corpo frágil, é
algo que transmite uma emoção que transborda. Tão diferente daquela figura
amargurada que Brianna criara!
Eu
conversei com ela e queria contar tudo, dizer tudo, mas me segurei. Ela não
está pronta, a verdade é bastante dura. Ela, por exemplo, diz que o mundo
esqueceu dela, e acredita que Eliza morreu assim como ela, naquele momento. É
difícil me conter e não falar, confessar para ela todas as verdades que sei...
Mas
ao mesmo tempo, eu me envergonho.
Estou
longe, muito longe da Erika que ela conheceu, aquela Erika de 10 anos atrás. Eu
me tornei diferente, e mesmo agora, carrego comigo coisas que não posso falar,
nem enfrentar, nem compreender, e que me perturbam profundamente.
Fico
muito feliz que ela está viva. Minha Cibele.
Enfureceu-me
terrivelmente que o Helgraf tivesse sido mandado para me “acompanhar”. Ao que
parece, agora sou considerada subversiva, revoltosa, pela ordem do dragão:
Alguém que não pode ser confiada. Acho difícil de engolir isto.
Mas
deixo passar, agora tenho coisas mais importantes que pensar, como é a Cibele!
--
Rainha
23, 14 4e
Diário,
Helgraf
e eu fizemos um esforço grande este dia. Nós fomos pragmáticos e nos adiantamos
ao patriarca e ao grão-Arauto e concordamos que Cibele é essencial em qualquer
tratado de paz.
Confesso
que Helgraf é uma figura que eu acho controversa. Ele é leal a Ordem do Dragão,
e uma pessoa muito agradável, mas não é leal a mim de qualquer forma.
Quando
o vi ontem conversando com o Grão-Arauto, sentados na sacada do palácio real, percebi
que não interessa quem eu sou, o que eu faço aqui dentro, estas pessoas são
leais ao Urian, não a mim.
Elithinen
provavelmente recebeu um tapa nas costas e um frio parabéns. Gostaria de
gritar, mas não é o tempo. Nunca o é, ainda há muita coisa pra fazer.
E
uma das coisas, é exatamente fazer uma paz com irritaria. Todavia, precisamos
contar as coisas para Cibele, e colocar nossa posição de um jeito a nós
fazermos brilhar na melhor das luzes. Isto porque quando entreguemos Cibele a Irritaria,
o ideal seria que ela visse as coisas boas que fizemos pela cidade, não somente
as coisas ruins que Irritaria fará questão de que ela saiba.
Levei
ela pela cidade, mostrei a ela os refugiados e pessoas que são protegidas pela
ordem, mas Cibele teve uma reação ruim. Ela me disse que não devia ficar me
vangloriando pela desgraça alheia. Estas pessoas estão sofrendo, mesmo que
vivas, ainda estão tristes, esfomeadas e assustadas. Não esperava por essa. Ela
tem razão.
Deixei
a Helgraf o resto do exercício.
--
Rainha
25, 14 4e
Diário,
Fui
conversar com o Lucian hoje. Ele acordou enfraquecido da sua visão e eu tinha
pedido para ser avisada de quando ele estivesse consciente.
Quando
cheguei na enfermaria, vi este garoto que outrora fora tão poderoso, tão
imponente, que mesmo seu pai parecia diminuir a seu lado. Olha-lo na cama,
enfraquecido assim, parece outra pessoa.
Lembro
de um dia, quase três anos atrás, quando tive que separar uma briga entre ele e
o pai dele, tudo pelo coração de Luna. Lembro que conseguira pegar Lucian de
surpresa e derrubei ele com um único golpe, mas o Sigfried em fúria só foi
parado graças a dardos do Raagras.
Arakaclis
parece tão distante agora, como se fosse outra vida, outro mundo, as
experiências de outras pessoas que não eu e não o Lucian.
Soubera
depois que o Jarl Ragnaros, que nada gostava de Luna e dela nutria um grande
receio, tinha aconselhado a Sigfried a não fazer nada, e que isto tinha
iniciado a briga. Eu era tão importante naquela Cabala que Cibele correu até
mim para impedir a briga.
Agora,
menos de três anos depois, estamos eu e ele, tão distantes do que já fomos.
Pensei
durante dias no que fazer em relação a ele. Lucian tivera a visão de como
Elithinen traíra Elizabeth e os Estrelas Negras, e assim como eu, ele se
revoltaria. Mas ele era importante demais para o plano. De alguma forma, eu
sabia que Lucian teria que viver e ainda fazer sua parte para terminar tudo
isto.
Primeiramente
pensei em ir até Luna e Lindriel para pedir ajuda em convence-lo. Mas a ideia
foi descartada rapidamente: Eu não confio nelas, e sabia que pessoas tão
emocionais quanto elas dificilmente colocariam o bem maior sobre as próprias
convicções. Se elas soubessem, havia chance de que elas sumissem com o Lucian,
o que atrapalharia muito os planos da Ordem do Dragão.
Não,
isto era algo que eu tinha que resolver com ele, sozinha.
Fui
até ele, e sinceramente, não encontrei em mim a vontade de ser política. Lucian
merecia mais que isto. Eu, no começo tentei ser mansa, falar a ele com razão,
mas logo percebi que a raiva que borbulhava dentro de mim também o fazia com
Lucian. Toda a revolta contra o assassinato dos estrelas.
Eu
aprendera com os anos a engolir a emoção. A guardá-la dentro de mim e não
deixar me controlar por ela. Mais de uma vez me disseram que esse era um dos
meus maiores “dons”, de não deixar as emoções tomarem conta de mim. Mas eu
sabia que Lucian era ao contrário: Ele era a flor da pele sempre, e mesmo após
a morte dos pais dele, Lucian continuou emocional, ainda que mais sério.
Eu
então exprimi toda a sinceridade que consegui para ele: A situação que
estávamos não duraria muito tempo, muitos anos a mais. Os draconatos e
corrompidos agora estavam a menos de uma semana de Hamask e pessoas estavam
morrendo no mundo todo. Eu precisava que ele ajudasse, que ele engolisse o que
vira porque haveria tempo depois para correr por justiça. Agora, cada um de nos
tem que fazer sua parte.
Ele
me olhou com fúria. Eu sei que dentro dele, que este argumento frio, talvez
tenha destruído o pouco apreço que ele ainda tinha por mim. Eu sei que o
decepcionei imensamente, justo eu, que nunca aceitei os caminhos fáceis. Mas
ele aceitou. Ele entendeu.
O
que de formas iguais me alivia quanto me entristece profundamente. Sei que
naquele momento eu perdi um amigo, que o decepcionei tanto que ele nunca mais
vai olhar para mim procurando concelho ou amizade. Algo se quebrou entre eu e
ele, e nunca mais será concertado.
--
Rainha
26, 14 4e
Diário,
Teve
um baile em honra da Cibele hoje. Todas as autoridades da cidade foram chamadas
e o evento fora um sucesso. Parece como se tudo mundo tivesse se agarrado a
esta chance de ser feliz descompromissadamente, ante o amargor dos dias que se
aproximam a um fim do mundo rápido demais.
Ao
começo, era para ser um jantar com algumas pessoas, mas Helgraf fizera ser
mais, e aproveitara a chance para criar este evento, que era tão belo quanto
desesperado.
Foram
dezenas de pessoas, líderes religiosos, líderes da comunidade, militares de
alta patente, nobres e grandes mercantes. Dúzias de casais, de solteiros, de
viúvos, primeiramente apreensivos, respeitando um protocolo de formalidades que
todos conheciam...
Mas
havia uma emoção no ar, uma vontade imensa e comum de extrapolar as barreiras
do formalismo, como se fosse o último dos bailes. Ninguém sabia o que se
passaria amanhã, as notícias ruins, sempre mais comuns, eram cada vez mais
terríveis. E este lugar, neste momento, era um escape a tudo isso, uma volta a
um momento em que tudo era melhor e mais inteiro, e os problemas menos graves.
Cibele,
sensível e devota a Dheia como é, emocionou-se com este sentimento, e ela
também dançou, bebeu e brincou como se disso dependesse o mundo. Nunca vi
Helgraf dando tanta risada, e Xeloksar demostrando uma paixão por sua esposa
que, conhecendo-o como o conheço, jamais pensaria possível.
Se
há alguma coisa positiva de tudo o que vimos, foi colocar este homem como Rei.
Ele representa muito do que há melhor nos thaar.
Helgraf
estava com a esposa dele, uma thaar de aparência comum mas com um encantador
sorriso largo, que agarrava-se orgulhosa ao braço de seu marido, passeando
entre as maiores figuras da cidade com elegância.
Lavínia
estava lá também, acompanhada por uma assecla, uma humana de cabelos pretos que
olhava com admiração para Lavínia, que destoava do local pelo seu jeito selvagem,
mas não de uma forma ruim. Ninguém ousava ignorar a resiliência dela,
carregando no rosto as marcas de Nayurai, orgulhosa. As pessoas se aproximavam
para pedir sua benção, ou a observavam de longe, murmulhando, certamente
chocadas ou surpreendidas pela sua presença.
Ela
tatuara em seu rosto a Lua de Nayurai, e cobrira a cicatriz do braço com
símbolos religiosos.
Eu
estava sentada no mais alto do local, e as pessoas se deferiam a mim com
respeito e uma certa admiração. A meu lado, o Patriarca sentava-se elegante,
mas claramente sua mente estava em outro local, distante dali. Distante de mim.
--
Rainha
30, 14 4e
Diário,
Hoje
partimos para Irritaria.
Ao
olhar para trás, para Hamask, esta Hamask que tem se tornado tão familiar,
custa a dizer o que será que vai acontecer no futuro. Sinto no ar esta
eletricidade de um desfecho que se aproxima. Aquela sensação incomoda de quando
o destino converge e nos encontramos nas “esquinas” que o Sem Escamas falava.
Me
acompanham Helgraf, Lavínia, Cibele e a Rainha Elevia de Hamask, e Medeia, além
de cinco guardiões, dois carreteiros, a dama de companhia da rainha e três
diplomatas. Helgraf me contou na viagem como tem a mesma impressão minha, e que
demorou um pouco mais abraçando seu pequeno filho.
Lavínia
passou ordens a seus novos asseclas, e sentou-se quieta durante toda a viagem,
as vezes escrevendo em seu rolo de pergaminho palavras rasgadas, pensamentos ou
meditações, que as vezes demoram em vir e as vezes, pela face dela, perturbam.
Cibele
olhou para a janela agora o tempo todo. Apreensiva, e com razão, pois viajamos
para ela encarar a vida que lhe fora tirada durante anos. Não consigo abstrair
o que se passa na cabeça dela, a quantidade de pensamentos ruins, bons e
estranhos que se passam em sua mente. Eu fiquei olhando ela, me impressionando
como ela é a Cibele que chamei de amiga, mas também lembrando a Cibele que tentou
mais de uma vez cravar uma adaga em mim.
Eu
fiz questão de esconder as tentativas de assassinato dela. Imagino que ela
suspeita, que ela sabe, mas A Rainha é a única que parece mais animada. Mesmo
sabendo do perigo, para ela é uma aventura, para ela é a realização de um
sonho: participar de uma grande negociação de paz, de algo que ficará para a
história, coisas que rainhas fazem.
Eu
fiquei pensando o tempo todo no Patriarca.
Antes
de partirmos, ele me levou a dar uma volta por Hamask. Ele me levou os ninhos
dos Drakes, agora com sua construção acabada. A grande muralha de pedra natural
de Hamask perfurado, feito lugar para diversos dragões que podem ser escutados
ao longe.
Ele
me levou mais a fundo, e não deixou de perguntar porque nunca tinha ido até lá.
Eu não soube responder, e ele tem razão: Eu deveria ter ido. Na verdade, acho
que se tivesse me entregado e integrado mais a Ordem do Dragão, talvez me
sentisse menos ameaçada e mais a vontade com eles.
A
medida que caminhávamos para dentro dos covis, fui apresentado a um paladino
alto, um orokul que cuidava das novas crias de dracos que cresciam nestes
ninhos. Urian me apresenta a um pequeno draconete, do tamanho de um cão grande
e de cor avermelhada. A criatura era de uma selvageria impressionante, apesar
de seu tamanho pequeno. Ele era o primeiro a nascer em Hamask, descendentes dos
dracos da Ordem do Dragão.
Este
era o primeiro dos dracos criados em Hamask, o primeiro nativo da cidade, e por
suas características, será um draco grande e forte, como o do grão-arauto. O
paladino me incentiva a me aproximar, mas a criatura não me respeita ainda.
Ainda.
Porque foi me dito que este por ora pequeno draco é meu. O primeiro criado em
Hamask. Eu não serei uma paladina, deverei aprender a monta-lo de forma tradicional,
mas é meu.
Confesso
que o presente me pegou por supressa, e uma onda conflitante de sentimentos me
invadiu. Por um lado, me senti muito honrada e lisonjeada, realmente adorei a
pequena criatura, talvez futuramente minha. Por outro, uma onda de desconfiança
me abalou, sobre as intenções de Urian, que geralmente não faz questão de
interagir comigo além do básico.
Fomos
mais profundo nos covis aonde Urian me mostra outros dracos: desta vez bem
maiores, quase maduros, e de cor avermelhada. Eram... “domados” por corajosos
Rakshas que eram tão selvagens quanto os dragões, mas sendo mais fracos, ainda
mantinham este perigoso emprego com muito cuidado.
Urian
diz que são os filhos da Aurora Escarlate, agora quase grandes o suficiente
para se unirem a paladinos nascidos em Hamask. Ele graceja, dizendo que assim
como eles, eu também só precisava de um lar para florescer.
Novamente,
por um lado o elogio me agrada muito, inegavelmente. Me faz sentir mais em
casa. Mas por outro, ele pareceu estar dizendo algo a mais.
Finalmente,
caminhamos para muito adentro da montanha, para além das minas de carvão até um
geodo. A medida que descíamos, eu via cada vez mais Alaranis dos sangues de
fogo, e muito menos prisioneiros. O local, uma capela de cristais naturais, tinha
um grande portal no fundo, ativado e brilhando um vermelho viscoso.
Eu
perguntei ao Patriarca aonde isso levava, mas ele me incentivou a usar meu
instinto: O local não tinha sido construído pelos Alaranis, mas descoberto e
reativado. E ele fazia parte importante do plano. Este portal não poderia ser
usado ainda porque era estratégico demais. Quando viajamos ao norte, a
Sylkranias, não usamos este para evitar ser destruído, e naquele momento
tínhamos tempo, já que alguns dias a mais ou a menos não fariam diferença.
Este
era um portal importante demais para o plano do Urian.
Ele
pareceu satisfeito e confirmou que sim: O momento estava chegando de que o
grande plano seria colocado em pratica, e este portal seria usado para
posicionar os homens da Ordem do Dragão em algum ponto estratégico sem terem
que marcar pelo ermo.
Eu
levanto o ponto que o portal enfraquece quem não tem sangue feérico, mas Urian
dá de ombros e confessa que os Sangue de Fogo não costumam fazer agrados.
Ele
me fala que o plano será executado quando estiver indo para Irritária. Não
havia tempo, e ele não queria que eu participasse.
Claramente,
eu não consegui esconder a revolta que cruzou na minha face, mas o Patriarca
não deixou falar.
Ele
olha para mim duramente, e diz que estava cansado da minhas constantes
revoltas, de meus constantes questionamentos, duvidas ou queixas sobre a Ordem
do Dragão. Ele me disse que estava me tornando tão incomoda que minha utilidade
estava diminuindo.
Eu
engoli meu choque e olhei para ele, enquanto ele perguntava o que eu iria
fazer. Eu respondi, sem nenhuma duvida, que tinha escolhido a ordem do dragão.
O tinha feito faz meses, e apesar de tudo, isso não mudara.
Ele
se inclina sobre mim, e ameaçador, me diz que podia me ler como um livro: sabia
que eu tinha a impressão que ele poderia fazer algo ruim para nossos filhos.
Ele nunca faria isso, e eu não devia pensar nisso e nem permitir que pensassem.
Eu
não sou facilmente intimidada. E mesmo o Urian sendo um homem particularmente
intimidador, ele não me quebrou, não temi nem tive receio. Mas compreendi.
O
Urian tinha me dado este “passeio” para cumprir um desejo meu: saber mais sobre
a ordem do dragão. Ele estava abrindo o jogo, mostrando o que estava fazendo, o
que estávamos fazendo e qual eram nossas cartadas. Ele queria confiança
absoluta, e não aceitaria nada menos que isto.
Eu
entendi que ele tinha razão. Não pelos medos que tenho, mas porque mesmo apesar
de tudo, a Ordem agora era minha vida. Meus filhos, meu futuro, minha luta. Não
tinha espaços para duvidar.
Calei-me
e aceitei.
Confesso:
é difícil para mim aceitar este tipo de coisas. Eu sei que sou orgulhosa, eu
sei que sou revoltosa contra qualquer um que me dê ordens, mas eu entendi a
gravidade da questão.
Ele
me fala que o momento do grande plano iria ser cumprido, e que eu não iria
participar da batalha final. Ao contrário, iria para irritaria tentar selar o
cessar fogo. Claramente não consegui esconder minha revolta, mas não falei
nada. Só perguntei para ele porque não confiava em mim para isso.
Ele
respondeu que não era uma questão de confiança. Havia uma chance de que seu
plano não desse certo, e que se fosse o caso, dependeria de mim proteger nossos
filhos. Na verdade, ele falou que eram os filhos dele, as “crias” dele, o que
me incomoda, mas deixo passar. Ele ainda diz que eu não devia pensar que meus
feitos não eram apreciados.
Eu
não gostei, eu me sinto retirada de algo que eu devia fazer parte, de ver e
participar. Eu trouxe para ele 3 das cinco gemas, e participei indiretamente
nas outras duas, e mesmo assim, no derradeiro momento, sou “ordenada” a ficar?
Não
que a paz com irritaria não seja importante. Não que eu não queira evitar que
centenas de pessoas continuem a morrer inutilmente, muito pelo contrário... Mas
quando há outra coisa acontecendo, quando há outro lugar que eu posso ser útil,
coisas maiores e que ficaram na história e que eu fiz grande parte.
Mas
aceito. Não porque eu acho bom, mas porque é necessário. Eu concordei com isto,
e ele tem razão, eu tinha outras prioridades agora, que são nossos filhos, por
mais que me doa. Não posso caminhar para a morte novamente, sem me importar se
vivo ou não...
Antes
de partir, Urian faz os trigêmeos colocarem a localização do “grande plano” na
minha mente. O Patriarca faz questão de não falar ele, temeroso de espiões. Eu
compreendo que isto é um grande voto de confiança da parte dele.
Antes
de partir, eu tentei me despedir dele. O abracei forte, pedi para ele se
cuidar. Eu sei que Urian pode morrer, e que talvez seja a última vez que for
falar com ele.
Por
um momento eu esperei que ele corresponde-se ao abraço. De alguma forma,
qualquer forma, mostrasse que tinha alguma coisa de carinho por mim, que não
era só mais uma ferramenta.
Mas
não foi. Eu fiquei lá, abraçando este homem gelado, até que o constrangimento
me fez me separar e não olhei para ele de novo, estava envergonhada.
--
Ladrão
03, 14 4e
Diário,
A
viagem tem sido mais rápida e pacifica do que pensamos. Somos sempre escoltados
por soldados e evitamos as piores partes do fronte enquanto avançamos, somente
indo pelas estradas principais e grandes vilas.
A
Rainha Elevia se anima bastante com a viagem, e sua empolgação se propaga entre
os outros. Ela conversa animadamente com Cibele e Helgraf, que aceitam de bom
grau a companhia agradável de Sua Majestade.
Até
mesmo a Lavínia, absorta em suas leituras e escritos, deixa a sua religiosidade
de fora para conversar alegremente sobre flores com a Rainha, mostrando um
amplo conhecimento sobre a flora local e a de Kerra, que deixa a Rainha
maravilhada.
Eu
fico calada na viagem inteira. Meus olhos sempre procuravam o norte, os Picos
do Trovão, aonde eu sabia que Urian e a ordem do dragão travariam talvez a
última batalha contra dragões da história do mundo. Eles não podiam falhar, não
deveriam.
Meu
coração está apreensivo.
--
Rainha
06, 14 4e
Diário,
Passamos
pelo ducado de Argus hoje. Rosa do Vale parece estar intocada nem por chuvas,
nem por draconatos e por corrompidos. As arvores redondas, os campos
verdejantes e as ovelhas felpudas são exatamente como eu lembrava que elas eram
faz dez anos atrás, antes das chuvas.
É
como se uma cúpula de cristal tivesse isolado o local de todo mal, e nada de
ruim acontecesse no horizonte. Tirando a falta de bebês, o local é idêntico ao
que existia faz uma década atrás.
Cibele
pediu para que parássemos. Ela falou para mim diversas vezes que eu tinha me
acostumado ao nascer do sol, mas ela não via isso faz anos, e o calor de seus
raios, a luminosidade de sua presença, era uma benção que eu não devia
descartar.
Ela
tem razão.
Ela
deu uma volta por Argus, os olhos emaçados pela emoção enquanto caminhava pelas
ruazelas do local agora reconstruído e iluminado. Eu a acompanhei de longe, era
um momento dela, mas não pude eu também deixar de me emocionar com este
reencontro de Cibele com seu passado.
Ela
visitou o tumulo do Fernando, que continuava lá, bem cuidado e com flores
frescas depositadas sobre ele. Fernando fora uma das melhores pessoas que eu
conheci, ele era uma daquelas pessoas com a força de trazer a esperança para todos,
de nunca nos fazer desistir. Eu queria tanto ter um pouco desta fagulha...
Mas
ele sofrera uma terrível injustiça.
--
Rainha
08, 14 4e
Diário,
Estou
escrevendo sob a luz dos raios do sol que escoam entre as arvores por um
amanhecer que poucas vezes desejei tanto.
Lavínia
está deitada no chão, por fim se deixando levar pela dor extrema que deve estar
sentindo, com um osso na bacia quebrado.
Helgraf
está inconsciente na carruagem, seu crânio rachado. Ele sequer se move, somente
respira fracamente, ainda se agarrando à vida.
Cibele
está deitada a seu lado, inconsciente pela perda de sangue, apesar de que fora
de perigo mortal. Ela sobrevivera por um fio.
A
Rainha Elevia está num canto, choramingando e com os olhos grandes arregalados
e humedecidos. Ela teme fechar os olhos e encarar novamente o que vira.
Medeia
está inconsciente, extremadamente ferida. Não sei se ela vai sobreviver e temo
muito que mesmo que o fizer, as sequelas serão tão nefastas que talvez ela
jamais volte a lutar novamente, ou sequer a ter uma vida minimamente produtiva.
Endrana
e seu Draco estão mais afastados. É visível que a paladina está um pouco
envergonhada, imagino que por ter tanta certeza de suas habilidades que quando
as coisas perderam o controle e ela não conseguiu fazer muito. Paladinos são
poderosos, mas eles também tem seus limites, como foram testados para a
Endrana.
Eu
estou inteira. Uma corte feio no ombro. Nada grave ou que irá deixar uma
cicatriz.
Narrarei
o que se passou:
Estávamos
acampando depois de passar o dia viajando. Faltava um dia para chegar a cidade
de Irritaria e estávamos em uma região protegida – o pensávamos nisso.
Lembro
que a Rainha estava comentando alguma coisa, alguma conversa desinteressante
sobre algum tópico ao qual não prestava atenção. Estávamos dentro da tenda, com
Medeia na porta, relaxada e só cumprindo seu papel protocolarmente. Foi quando
escutei Helgraf afora falar com minha protetora, sua voz foi grave, mas antes
que a thaar conseguisse reagir, uma grande quantidade de flechas cruzaram o ar
e adentraram a tenda onde estava.
Comecei
a escutar gritos e sons de luta agora, e o cheiro de fumaça vindo da tenda, que
começava a pegar fogo pelas fechas incendiarias.
Peguei
o meu escudo e joguei para a Medeia quando vi que diversos homens lutavam lá fora
contra o que pareciam ser bandidos, ou mercenário, que embora desprovidos de
técnica, estavam bem armados. Lavínia em sua forma felina corria em direção a
um besteiro ao longe e Helgraf estava no chão, lutando contra um homem para não
ser esfaqueado, enquanto Medeia se preparava para enfrentar um homem grande e
careca com dois cães que comandava contra a cavaleira do corno.
Tive
que sair da porta quando Endrana entrara na tenda lutando com um mercenário.
Ela era um dos guardas de Hamask que tinham viajado junto conosco, e lutava de
forma primorosa contra um oponente igualmente bem treinado.
Eu
colhi a rainha, que se encolheu em um canto, e me preparei para sair de lá. A
rainha era frágil e não sabia lutar, ela seria alvo fácil destes homens com
feições assassinas. Colhi ela pela mão e planejei levar ela para um lugar
seguro, como dentro de uma carruagem.
Mas
quando saia, percebi que o terrível perigo que passávamos: um dos homens contra
o qual Cibele e Medeia lutavam emitiu um guincho aterrador, enquanto sua face
se abria e revelando ser uma aberração.
A
visão da criatura era aterradora, seu tentáculos carnosos remexendo com
violência, lançando uma gosma profana pelos ares. O estomago parecia querer
escapar pela boca, mas o pior era os olhos que doíam, a mente que martela
querendo não mais presenciar essa coisa, esse monstro que não faz sentido
nenhum.
É
mais que a própria carne. Os aberrantes possuem um ar de horror que é difícil
de explicar. Como se estivéssemos olhando a padrões hipnóticos, invisíveis mas
sensíveis, algo que arranca qualquer senso de intuição. Algo que vem de dentro,
primitivo, ruidoso, poderoso, visceral.
Senti
a rainha estremecer na hora. Ela vibrou como se tivesse levado um choque e sua
mão foi quase que automaticamente drenada de qualquer calor.
A
presença da criatura era terrível, mas não afetava nem os cães nem os soldados
inimigos. Por outro lado, nossos homens, inclusive gente com grande vontade
como Helgraf, não conseguiram se controlar perante a presença de tal monstro.
Alguns dos soldados ou dos diplomatas encolheram-se em medo ou gritavam coisas
sem sentido, sendo presas fáceis para os assassinos que nos atacavam. Helgraf
cambaleou para longe, em direção a tenda. Seu peito sangrava profundamente, e
ele teria sido morto lá mesmo se não fosse a Cibele saltando sobre um dos que
tentavam matar nosso diplomata chefe, atravessando o homem com uma espada fina.
O
companheiro do homem revida e faz um talho fundo nas costas de Cibele, que
espirra sangue por todos os lados. Ela consegue derrotar o inimigo, mas sente o
golpe.
Eu
levanto a rainha que gritava e levo ela até o pássaro de guerra mais próximo,
deixo ela encima mas a maldita ave de montaria não quis se mover. Três dos
assassinos perceberam o que eu tentava fazer e correram até eu e a rainha.
Lavínia
terminara de matar o homem da besta e corre em minha direção, mas um homem a
pega de surpresa, saltando por detrás de uma tenda. Munido de um machado ele
crava nas costas do grande felino, que gira e grita de dor. Sangue tinge a
pelagem branca.
Um
dos homens me corta o ombro com uma lança, um golpe que ia em direção à rainha.
Estava desarmada e sem armadura, mas consigo evitar outros golpes quando Cibele
e Helgraf, que tinha conseguido sacudir a demência de si mesmo, correm para me
auxiliar. A ruiva atravessa um dos homens com certeza e se engaja com outro,
enquanto Helgraf se choca contra o outro homem, atravessando sua espada pelo
peito dele.
Como
se fosse um corrompido, o homem não cai na hora, mas se agarra com mais força
ao arauto, que perde o equilíbrio e faz ambos caírem. O assassino começa a
golpear Helgraf na cabeça com o pomo da espada, três golpes fortes até Cibele
enfiar a espada no olho do homem.
Mas
o dano estava feito. A testa de Helgraf era uma massa vermelha, pouco distinguindo
o que era cabelo, sangue e osso. Ele tremia no chão e sangue jorrava feio. Eu
sabia que tinha pouco tempo.
O
homem que atacara Lavínia correu até nos munido de seu machado ensanguentado.
Eu levantei a lança do caído preparado para receber o golpe quando a ave de
guerra que a rainha montava atacou o homem e com uma forte bicada, decapitou o
homem. Eu tinha escutado histórias disso antes, mas ver um destes pássaros
matando alguém era algo assustador.
Lavínia
cambaleou até mim e ordenei ela e Cibele trazerem os outros pássaros de guerra
mais para perto, enquanto me jogava sobre Helgraf fazendo tudo o possível para
estancar o ferimento e evitar a morte prematura do arauto.
Enquanto
o fazia, Medeia lutava sozinha contra a aberração. Sem armas de Aurum ou magia,
era impossível para nos conseguir derrotar a criatura agora, e medeia, mesmo
sendo uma guerreira excepcional, estava sendo derrotada.
Não
percebi quando Cibele quase desfaleceu e foi a quebrada Lavínia que ajudou ela
a se erguer.
Os
pássaros de guerra não quiseram se aproximar mais, com medo do ser aberrante.
Eu carreguei a rainha até onde chegaram e levei o Helgraf também, com cuidado
devido a seu ferimento grave.
A
luta estava perdida, e com pessoas feridas ou assustadas, a paz estava
comprometida. Elas precisavam sobreviver. Ordenei a Lavínia manter os pássaros
sob controle e a rainha por perto, e principalmente, evitasse que Helgraf
morresse. Lavínia, muito ferida por si, entendeu o pedido e começou a apertar
melhor as bandagens do arauto.
Mandei
Cibele procurar Endrana. Eu conseguia escutar a luta entre os dois no meio da
barraca que pegava fogo. Ela e seu combatente estavam em embate muito
equiparado, e precisava alguém para quebrar isso. Cibele, mesmo ferida, foi até
a tenda.
Medeia
tinha deixado de lutar e agora só se defendia. A criatura insana continuava a
atacar ela, pois cada vez que tentava se afastar, a thaar o agarrava ou
emburrava e atacava. Minha guardiã estava bem ferida e parte do meu escudo que
lhe deu estava despedaçado.
Uma
rápida olhada para Lavínia me dizia que ela não poderia cavalgar. Sua bacia
provavelmente estava quebrada. Helgraf estava tão ferido que qualquer movimento
brusco o mataria. Precisamos da carruagem.
Tentei
tirar a carruagem do lugar, mas não consegui mover o veículo, que geralmente
exige pelo menos dois aves de guerra. Puxei uma corda e estiquei até as aves de
guerra e as amarrei. A corda rachou no meio e duas aves fugiram. Amarrei a
corda de novo e tentei agora com as duas que restavam e com minha própria
força, até conseguir arrastar a carruagem até perto o suficiente para amarrar
as outras aves, que se negavam a se aproximar ao aberrante que Medeia segurava.
De
relance, vi quando Endrana saíra da tenda, cambaleando e carregando o corpo
desfalecido de Cibele. Ela se arrastou até o pássaro de guerra que decapitara o
homem, e sem forças, agarrou-se a criatura e caiu. Corri até ela e arrancado
parte do meu vestido, improvisei esparadrapos para estancar o ferimento dos
cortes.
Soube
depois que ela tinha lutado com o homem por quase cinco minutos, estava
esgotada. Mesmo tendo acertado golpes e levado a outros, a luta era parelha
demais, e somente com a Cibele que Endrana conseguiu superar o homem. Este,
porém, golpeara Cibele, que enfraquecida, desmaiara.
Coloquei
a armadurada e desacordada Endrana sobre o pássaro de guerra, e arrastando
Cibele, levei a ave – que desta vez obedeceu – até o resto dos pássaros.
Coloquei Lavínia, a única ainda consciente, mesmo que terrivelmente ferida, no
posto de condutor, coloquei com cuidado Helgraf, Cibele, a Rainha e Endrana
dentro da carruagem, e amarrei a outra ave de montaria.
Tive
que decidir: Eu era a única que tinha forças de lutar, com quatro pessoas muito
feridas e na maioria inconscientes. Eu também não tinha armas para lutar contra
o aberrante, e nem sabia até quando Medeia resistiria. Tinha que afastar a
rainha, Cibele e Helgraf dali o mais rápido possível e só eu tinha condições
para dirigir.
Olhei
para trás para ver a Medeia ainda lutando contra a criatura, uma luta desesperada
e perdida, e fiz as aves de moverem, carregando-nos rapidamente para longe
daquele lugar de morte.
Não
sei por quanto tempo dirigi. Horas. Lavínia uma hora caíra inconsciente pela
dor e perda de sangue e o tempo passou estranho. O medo de cada som da
floresta, de cada sombra estranha. Meus pensamentos giravam entre preocupação
com meus companheiros, esperança de que a Medeia conseguisse dar um jeito de
sobreviver, apesar de impossível, e inda meu coração era jogado para os Picos
do Trovão.
Ainda
faltando algumas horas para o amanhecer, mas com o céu já clareando, Endrana
acordara e Lavínia junto. Ela pergunta com voz fraca o que tinha acontecido, e
quando falei a palavra aberrante, os olhos dela estremeceram. Ela pediu para
parar e destacou sua ave de guerra da nossa carruagem.
Para
minha surpresa, decepção e arborescência, Endrana quebrou o encantamento que
estava sobre a ave e revelou está sendo um Draco. Endrana, na verdade era uma
paladina, acompanhando em segredo a delegação sem que eu soubesse. Ela e Lavínia
voaram de volta ao caminho que fizemos, procurando medeia, os sobreviventes, e
as cartas de passagem que precisaríamos para nossa missão.
Com
a força e o sopro de um Draco, o aberrante não teria muita oportunidade de
sobreviver. Se soubesse que Endrana era uma paladina, teria feito diferente,
teria primeiramente ajudado ela e com ajuda do draco, o aberrante seria
destruído...
Seja
como for, as duas retornaram horas depois, bem adentro da manhã, levando
consigo outra carruagem, uma levada por uma Medeia muito ferida, mas
triunfante, e o corpo do aberrante, queimado, estava cravado ao teto.
Ela,
com voz baixa e cansada, me explicou que tinha lutado com a criatura até quando
começou a amanhecer. O monstro tentou fugir dos raios do sol, então ela tomou a
iniciativa e forçou o monstro a ficar no sol, que eventualmente o matou. Ela
cravou a criatura no teto ta segunda carruagem, amarrou aos pássaros que de
guerra que voltaram e recolheu os pertences mais importantes, e começou a
seguir nosso caminho.
Foi
quando Endrana e Lavínia a encontraram.
Medeia
está tão ferida que é difícil acreditar que ela ainda está viva. O cheio do
sangue aberrante a permeia e sei que ela fora envenada de alguma forma. Mas não
é só isso, muitos ossos quebrados, lacerações, contusões, parece como se ela
tivesse enfrentado um exército sozinha.
Ela
desmaia tão logo termina de contar sua história, e agora está na minha frente,
respirando tão fracamente que tenho que me certificar que ela está viva.
Fomos
atacados por aberrantes, criaturas que sabiam onde estávamos e nossas
fraquezas, como Lavinia conta de um deles carregando armas de prata. O corpo
diplomático inteiro tinha morrido, a não ser por nos seis. Eles queriam nos
matar, acabar com qualquer chance de paz com irritaria.
Endrana,
muito ferida, mas com o orgulho ainda mais, não pode ficar conosco. Ela não tem
como refazer o feitiço que transformou o Draco em ave de guerra, e ela é
proibida de voar em irritaria, o que acabaria com qualquer tipo de plano de paz
que teríamos. Ela descansa e afirma que vai partir tão logo a carruagem se
mova.
Eu
estou mais cansada pelo estresse que pelas feridas, mas estou assustada. Parece
que o “prêmio de consolação” do meu marido é muito mais perigoso do que imaginava...
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on segunda-feira, abril 25, 2016
at 22:10
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